Federação União-PP tenta pôr no colo de Tarcísio timing para desembarcar do governo Lula
O União Brasil e o PP formalizaram nesta terça-feira, 19, a federação entre os dois partidos, em convenção conjunta. Com discurso de oposição ao governo Lula, mas sem disposição real de abandonar os ministérios que ocupam, as siglas começaram a criar uma série de condições para desembarcar da Esplanada. A mais nova é tentar jogar no colo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que nem integra a federação, o timing para essa decisão.
A previsão inicial dos caciques do PP e do União era obrigar os ministros filiados à sigla – André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (União), respectivamente – a deixarem os ministérios que ocupam assim que a federação fosse formalizada.
Agora, os líderes da federação dizem que o desembarque ocorrerá somente depois de o grupo ser formalizado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além disso, afirmam nos bastidores que devem se basear na decisão de Tarcísio sobre seu destino político.
A avaliação é de que, diante dessas divergências internas sobre abandonar o barco petista, o ideal é esperar para ver se Tarcísio será candidato à Presidência em 2026. Se a resposta for sim, o desembarque tende ser confirmado, e os ministros teriam de se desfiliar para continuar na Esplanada.
Se o governador decidir disputar a reeleição em São Paulo, a pressão para a federação se desvincular completamente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diminuirá.
Tarcísio é o candidato favorito do empresariado, do mercado financeiro e dos partidos de centro-direita para enfrentar Lula no ano que vem. No entanto, o governador precisa do aval do ex-presidente Jair Bolsonaro para substituí-lo nas urnas, o que é considerado incerto.
Na prática, não há consenso porque os ministros querem continuar nas pastas para ganhar capital político e concorrer ao Senado. Além disso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), não abre mão de suas duas indicações: Frederico Siqueira Filho (Comunicações) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional). Embora não sejam filiados ao União, pertencem à cota do partido na Esplanada.
