PP e União Brasil devem oficializar federação com a maior bancada na Câmara e no Senado nesta terça
BRASÍLIA – O União Brasil e o PP farão, nesta terça-feira, 18, a primeira convenção da federação entre eles, chamada de União Progressista. O novo grupo é definido por lideranças como “conservador, mas não reacionário”, de “oposição” e “prego no caixão do velório” do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A cerimônia ocorrerá em Brasília, após reunião interna dos dois partidos.
A federação terá a maior bancada na Câmara dos Deputados, com 109 cadeiras e no Senado Federal, com 15 parlamentares – a senadora Margareth Buzetti (MT) deixará o PSD para ir ao PP na quinta-feira, 21.
Além disso, a federação terá o maior número de governadores, no total são seis, e de prefeitos eleitos em 2024: foram 1.383.

Após a criação da federação, os partidos ainda precisarão tomar posições mais assertivas sobre como ficará em relação ao governo. Ainda que o bloco seja autodefinido como de oposição, PP e União têm o controle, juntos, de quatro ministérios do governo Lula.
Meses antes, tanto o presidente do União, Antônio Rueda, como do PP, Ciro Nogueira, diziam a aliados que os ministros precisariam desembarcar do governo até agosto. Agora, os ministros poderão, ao menos por enquanto, permanecer em seus cargos.
Essa indefinição abre margem para que integrantes do PP e do União procurem outra sigla para atuar, diante do cenário sobre qual dos partidos deverá comandar os diretórios estaduais e pela posição difusa em relação ao governo.
Na Bahia, por exemplo, o PP faz parte da base do governo do Estado, comandado pelo petista Jerônimo Rodrigues. No Estado, o União é o principal partido de oposição ao PT – deputados estaduais progressistas, em razão disso cogitam sair do partido por causa disso.
Alguns deputados federais admitiram ao Estadão que podem abandonar a federação a depender de como ficará a questão em seus Estados.
Sem definição, líderes do partido dizem que esperam até a janela partidária (período em que políticos podem trocar de partido sem perder o mandato), em abril de 2026, para fechar questão sobre o tema.
A nível federal, a relação com o governo será debatida internamente. No União, a leitura é de que dois dos três ministérios (Waldez Góes, da Integração, e Frederico Siqueira, da Comunicação) são indicações pessoais do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e não pertencem ao partido.
De todo modo, o ministro do Turismo, Celso Sabino, é filiado ao União e é pressionado por correligionários a deixar o cargo.
O PP só tem um nome na Esplanada dos Ministérios (André Fufuca, na pasta de Esporte). Dentro do partido, a expectativa é de que ele deixe o cargo voluntariamente – algo que ele não sinaliza fazer, ao menos neste momento.
Há decisões ainda a serem tomadas rumo à disputa eleitoral em 2026. De um lado, alas do PP defendem maior alinhamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – já o União tem um pré-candidato para a disputa pela Presidência da República no próximo ano: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado.
O senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, define a federação como “a maior força da política brasileira. ”A União Progressista está para o lulopetismo como a Frente Liberal esteve para a redemocratização. É um prego no caixão do velório do PT e de Lula politicamente. Somos conservadores, mas não reacionários. Somos a favor da mudança: o Brasil não pode continuar perseguindo o atraso e o passado”, disse ao Estadão.
Ainda segundo ele, a federação é o resultado da incapacidade do PT. “É a prova de que a esquerda perdeu a capacidade de liderar que um dia já teve. Somos de oposição e a favor que o Brasil se liberte de um governo que a única inovação que fez foi criar propaganda com inteligência artificial”, afirma.
Nogueira e Rueda, presidente do União Brasil, dividirão a copresidência da federação até o final de 2025.
Pedro Lucas Fernandes (MA), líder do União Brasil na Câmara, tem alta expectativa. “Tenho certeza de que a federação nasce para liderar um novo ciclo de prosperidade no Brasil, transformando energia em crescimento, coragem em resultado e colocando o país no rumo certo. A expectativa é grande”, diz
Ainda que não formalizada, a federação já deixou a posição contrária ao governo em manifestos divulgados recentemente.
No começo deste mês de agosto, a federação criticou o discurso de Lula sobre o tarifaço aplicado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Para as siglas, a postura brasileira representa uma “retórica confrontacional”.
Dias depois, PP e União Brasil ainda anunciaram que se aliariam aos amotinados que interromperam os trabalhos da Câmara e do Senado em protesto à prisão domiciliar de Bolsonaro, ainda que Alcolumbre, presidente do Senado, membro do União Brasil, condenando o ato.
“Diante do legítimo movimento de obstrução feito pela oposição, a Federação União Progressista orientou a bancada a não registrar presença em plenário no dia de hoje nas duas Casas”, dizia o texto da nota assinada por Rueda e Nogueira.