Projeto do governo para BRB comprar Master é inadequado, aponta Consultoria Legislativa
A Consultoria Legislativa da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) considerou inadequado o projeto de lei enviado pelo governo local para autorizar o Banco de Brasília (BRB) a comprar uma fatia do Banco Master. Segundo o parecer técnico assinado nessa segunda-feira, 18, a proposta não traz dados suficientes sobre a viabilidade do negócio, estimado em R$ 2 bilhões.
“Conclui-se pela inadequação da proposta do ponto de vista orçamentário e financeiro”, afirmou o estudo da Consultoria, solicitado pelo deputado distrital Fábio Felix (PSOL). O órgão recomendou que o projeto de lei não seja apreciado até que o governo entregue aos parlamentares os detalhes da operação financeira.
“Não há informações sobre o montante a ser investido na referida operação, nem mesmo a previsão da despesa no Orçamento de Investimentos”, seguiu a análise dos técnicos da CLDF.
A proposta foi enviada à CLDF na última quinta-feira, 14, depois que a Justiça do Distrito Federal voltou a barrar a assinatura do contrato definitivo de compra do Master pelo banco estatal, como revelado pela Coluna. Na ação, movida pelo Ministério Público, os desembargadores afirmaram que o processo de compra não poderia continuar sem o aval legislativo e dos acionistas do banco estatal.
A Justiça e o Ministério Público argumentam que a compra deveria ter sido autorizada pelos deputados distritais por meio de uma lei – o que não ocorreu quando o BRB oficializou a proposta, em março deste ano.
Como mostrou o Estadão, o banqueiro Daniel Vorcaro, dono do banco Master, prepara a venda de cerca de R$ 1 bilhão de ativos para fazer frente às dívidas do banco.

Compra depende de autorização do Banco Central
O negócio entre BRB e Master está em análise no Banco Central (BC). Anunciada em março, a intenção de compra chamou a atenção do mercado pelo rápido crescimento do Master, além de alertas de operações do banco privado fora do padrão levados ao BC.
O Banco Master multiplicou por dez seu patrimônio e quintuplicou sua carteira de crédito desde 2021. Esse crescimento foi tracionado pela oferta de Certificados de Depósito Bancário (CDB) que pagam ao investidor taxas bem agressivas, muito acima dos concorrentes, de até 140% do CDI. No mercado financeiro, a instituição também é alvo de comentários por ter comprado participações de companhias em dificuldades financeiras.
Em entrevista ao Estadão, o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, afirmou que a operação foi técnica, sem ingerência política, e com a análise de carteiras e produtos do Master que representavam sinergia com os interesses do banco público.