Esquerda e direta reagem a indiciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro pela PF
Congressistas de direita e de esquerda reagiram por meio de suas redes sociais ao indiciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira, 20, por coação no curso do processo da trama golpista. Enquanto os governistas comemoram e fazem piadas sobre as mensagens trocadas entre o ex-presidente e seu filho, a oposição nega os possíveis crimes e também foca na defesa de Silas Malafaia, que foi alvo de mandato de busca e apreensão no mesmo processo.

A deputada Érika Hilton (PSOL-SP) diz que a Polícia Federal teve uma “noite atarefada” e destaca o indiciamento de Bolsonaro e a apreensão do passaporte do líder evangélico Silas Malafaia.
A parlamentar ainda ressalta a existência de uma minuta que aponta o desejo do ex-presidente em pedir asilo na Argentina e ironiza: “Vale notar que em casos como esse o pedido de asilo só é enviado quando há a certeza de que ele será aceito. A existência do rascunho indica que, talvez, nem o presidente argentino Javier Milei, que diz conversar com o espírito de seu cachorro, queira conversar com Bolsonaro”.
🚨 Em uma noite atarefada, a Polícia Federal acaba de:
1️⃣ Fazer busca e apreensão dos celulares de Silas Malafaia.
2️⃣ Reter o passaporte e proibir o radical golpista de sair do país.
3️⃣ Indiciar Jair Bolsonaro e o traidor da pátria Eduardo Bolsonaro por obstrução de justiça.…
— ERIKA HILTON (@ErikakHilton) August 20, 2025
Guilherme Boulos (PSOL-SP), deputado federal, seguiu a mesma linha e disse que “Bolsonaro é, acima de tudo, um grande covarde. O líder da extrema-direita brasileira, que ficou nos EUA assistindo ao 8 de janeiro de longe, já tinha planos de fugir para a Argentina”.
Bolsonaro é, acima de tudo, um grande covarde.
O líder da extrema-direita brasileira, que ficou nos EUA assistindo ao 8 de janeiro de longe, já tinha planos de fugir para a Argentina.
A Polícia Federal encontrou no celular dele um pedido de asilo pronto para enviar ao Milei.
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) August 21, 2025
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), discorre sobre outro tema: os xingamentos feitos por Eduardo Bolsonaro contra seu pai via mensagens de texto e que foram revelados pela PF. O filho do ex-presidente questionou o apoio de Bolsonaro ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o chamou de “ingrato”, além de proferir palavrões.
“Escândalo em família, mas com consequências para o Brasil inteiro. As mensagens de Eduardo Bolsonaro revelam um padrão de desequilíbrio, agressividade e chantagem”, escreve em seu X. “Quando o filho ameaça, xinga e expõe o próprio pai, mostra ao país que não há limites éticos ou institucionais”, continua.
O deputado ainda afirma que, se Eduardo não respeita nem seu núcleo familiar, “quanto mais a Constituição, as instituições e o povo brasileiro”. E ainda finaliza “O Brasil não pode se curvar a ameaças, pressões ou chantagens de quem vive de instabilidade e caos”.
Escândalo em família, mas com consequências para o Brasil inteiro. As mensagens de Eduardo Bolsonaro revelam um padrão de desequilíbrio, agressividade e chantagem que não pode ser tratado como “briga doméstica”. Quando o filho ameaça, xinga e expõe o próprio pai, mostra ao país…
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) August 21, 2025
Na outra ponta do espectro político, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) defendeu seu irmão e seu pai. “O que está em curso há anos no Brasil é uma fishing expedition sem fim contra Bolsonaro”, escreveu, o termo descreve investigações em que autoridades buscam provas de forma efusiva e sem amparo legal.
“Transformaram o País numa várzea, onde leis viram peças de teatro e instituições se curvam para satisfazer as ilegalidades do sistema”, ele continua. O vereador ainda diz que, em última instância, o governo deve censurar a internet, depois de finalizar os ataques contra sua família.
O que está em curso há anos no Brasil é uma fishing expedition sem fim contra Bolsonaro. Um manual de perseguição que faria inveja aos maiores ditadores da história. Transformaram o país numa várzea, onde leis viram peças de teatro e instituições se curvam para satisfazer as…
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) August 21, 2025
Eduardo Bolsonaro, por sua vez, rebateu seu indiciamento por meio de uma nota no X. O deputado escreveu que “jamais teve como objetivo interferir em qualquer processo em curso no Brasil” em sua atuação no estrangeiro e que ele busca o “restabelecimento das liberdades individuais no país, por meio da via legislativa”. No texto, Eduardo não cita as sanções que articulou contra o País e autoridades nacionais.
O deputado ainda diz que ele vive “sob a jurisdição americana e, portanto, plenamente amparado pela Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que assegura não apenas a liberdade de expressão, mas também o direito de peticionar nossas demandas ao governo que rege a nossa jurisdição”.
Nota de Esclarecimento – Eduardo Bolsonaro
Tomei conhecimento, pela imprensa, do relatório divulgado pela Polícia Federal e considero importante esclarecer alguns pontos:
1. Minha atuação nos Estados Unidos jamais teve como objetivo interferir em qualquer processo em curso no…
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) August 20, 2025
Outros nomes da direita, como o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ) e o líder da sigla no Senado, Carlos Portinho (RJ), preferiram defender Silas Malafaia por meio de seus redes sociais.
Sóstenes afirmou que “Malafaia foi alvo de constrangimento ao lado da esposa. Um líder religioso, que nunca se escondeu, (está) sendo tratado como criminoso”. O político ainda compartilhou uma série de vídeos em que mostra uma multidão indo ao encontro do pastor no Aeroporto.
🚨 URGENTE: A PF incluiu o pastor Silas Malafaia no inquérito de “obstrução da Justiça” ligado ao julgamento de Bolsonaro, por ordem de Alexandre de Moraes.
Mesmo com residência fixa, endereço público e pregando semanalmente em suas igrejas por todo o Brasil, Malafaia foi alvo…
— Sóstenes Cavalcante (@DepSostenes) August 20, 2025
Portinho adotou um posicionamento parecido e tuitou: “Crimes de opinião. Intimidação para calar as vozes que gritam por liberdade no Brasil. Nada mais. Perseguição politica a adversarios. O Regime avança contra todos e leva o Brasil junto nesse caminhão desgovernado. Depois do maior líder de direita agora um dos maiores lideres religiosos do País: Silas Malafaia”.
Crimes de opinião. Intimidação para calar as vozes que gritam por liberdade no Brasil. Nada mais. Perseguição politica a adversarios. O Regime avança contra todos e leva o Brasil junto nesse caminhão desgovernado. Depois do maior lider de direita agora um dos maiores lideres…
— Carlos Portinho (@carlosfportinho) August 21, 2025
A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, também adotou posicionamento similar e defendeu Malafaia enquanto se silenciou sobre o indiciamento de seu enteado e marido. No seu Instagram, a dirigente do PL Mulher escreveu: “Que Deus guarde o senhor e sua família de toda perseguição e maldade” e publicou uma foto do pastor.
