Maioria critica tarifas de Trump para ajudar Bolsonaro, mas prega que Brasil negocie, diz pesquisa
Sete em cada dez brasileiros avaliam que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está errado ao “impor taxas a produtos brasileiros por acreditar que há uma perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)”. Contudo, praticamente a mesma quantidade de pesquisados defende que o mais correto no momento é que o Brasil negocie, em vez de retaliar os Estados Unidos. Os dados são da pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira e que realizou 12.150 entrevistas presenciais, sendo 2.004 para o cenário nacional, entre os dias 13 e 17 de agosto.
De acordo com o levantamento, 71% dos brasileiros veem um erro na decisão de Donald Trump, enquanto 21% acham que ele está certo. São 8% ou que não souberam ou não responderam. A reprovação às medidas é feita por eleitores que se dizem lulistas (91%), esquerdistas não lulistas (92%), sem posicionamento (80%) e até na direita não bolsonarista (48% contra 43% dos que aprovam). Apenas entre os eleitores que se dizem bolsonaristas há apoio ao tarifaço (54% contra 36% dos que veem erro).
Na visão da maioria dos brasileiros (51%), Trump age em defesa de seus próprios interesses políticos ao aplicar as tarifas. Já 23% citam a defesa de interesses comerciais americanos e 2% apontam “motivos pessoais” de Trump. Outros fatores foram citados por 2%, enquanto 22% dos brasileiros não sabem ou não responderam.
A ampla maioria do eleitorado (77%) acredita que as tarifas mais altas vão prejudicar sua vida, enquanto 20% não enxergam esse risco. Há forte preocupação com o aumento de preços no País, com 64% apostando nessa hipótese, contra 18% que acham que vai diminuir, 13% que avaliam que não mudará e 5% que não souberam ou não responderam.
Justamente por conta do temor dos prejuízos da medida, aumentou o número de brasileiros que acreditam que o Brasil deve negociar. Os que pensam assim passaram de 61% em julho, às vésperas do tarifaço entrar em vigor, para 67% agora. Enquanto isso, o índice dos que pregam que deve haver também uma taxação aos Estados Unidos recuou de 31% para 26%.
A defesa de que o Brasil precisa negociar é majoritária em todos os estratos do eleitorado, mas é mais forte na direita não bolsonarista (86%) e entre os que dizem ser bolsonaristas (82%). Por outro lado, entre os lulistas e entre os que se dizem de esquerda, mas não lulistas, o índice é de 55%. Na porção dos que dizem não ter posicionamento político são 62% os que pregam negociação.
Há divisão no eleitorado, contudo, sobre os resultados que o Brasil pode alcançar. Enquanto são 48% os que acham que o governo Lula pode conseguir um acordo para reduzir as tarifas, 45% acham que isso não acontecerá.
De outro lado, mesmo com o esforço do governo americano, os brasileiros não acreditam que o presidente dos Estados Unidos vai conseguir reverter, por exemplo, a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. É o pensamento de 55% dos eleitores, enquanto 36% pensam o contrário. Neste caso, houve avanço de 5 pontos entre os que apostam que isso acontecerá, entre julho e agosto.
Em meio às discussões no meio político sobre o tarifaço, aumentou o número daqueles que defendem que Lula e o PT estão fazendo o que é mais certo nesse embate. Agora, são 48% os que pensam assim. Enquanto isso, 28% avaliam que Bolsonaro e seus aliados é que estão fazendo o que é mais certo. Outros 15% responderam que não é nenhum deles.
A pesquisa também mediu individualmente a visão da população sobre a atuação de atores políticos na discussão do tema, como o presidente Lula, Jair e Eduardo Bolsonaro, o ministro Fernando Haddad e governadores no tema. Todos tiveram rejeição maior que aprovação no tema. Veja os dados completos. Além disso, a pesquisa mediu a aprovação de Lula, que voltou a subir e chegou a 46%, contra 51% de desaprovação.