As boas notícias da pesquisa Genial/Quaest para Lula de olho em 2026
Os dados dos dois relatórios divulgados da pesquisa Genial/Quaest, que analisam a aprovação do governo Lula e a disputa eleitoral de 2026, trouxeram boas notícias para o presidente. A principal delas, o sinal de que parte da rejeição ao presidente pode estar muito mais ligada a aspectos econômicos, mais manejáveis, do que um cansaço estrutural com o petista.
Nem de longe significa dizer que Lula está com uma eleição encaminhada. O reforço da polarização exibido pelos números indica que a disputa será parelha. Até por isso, os oito pontos que conseguiu abrir em relação a Tarcísio de Freitas, com duas oscilações simultâneas na margem de erro, são expressivos para o momento.

Há dois meses, Lula e Tarcísio estavam praticamente empatados. O presidente somava 41% e, o governador, 40%. Agora, Lula aparece com 43% contra 35% de Tarcísio. Neste caso, mais do que a oscilação de Lula, houve queda de Tarcísio ao longo do conjunto dos dois meses, muito provavelmente em razão de uma abordagem errática sobre o tarifaço de Donald Trump ao Brasil.
Junto disso, o governador viu, no último mês, o índice dos que o conhecem e não votariam passar de 33% para 39%. Isso se deu às custas daqueles que conheceram Tarcísio agora, já que o índice dos que “conhecem e votariam” apenas oscilou de 28% para 27%. Ou seja: ainda desconhecido por um terço do eleitorado, Tarcísio, em um mês, só ganhou detratores.
Nem de longe, porém, o governador tem os mesmos problemas que o inelegível Jair Bolsonaro e o filho Eduardo, rejeitados por 57% dos eleitores, do senador Flávio Bolsonaro (55%) ou de Michelle Bolsonaro (51%).
Também Romeu Zema viu sua rejeição aumentar, passando de 22% para 33%, enquanto os que conhecem e votariam recuaram de 18% para 13%. Isso indica que a postura de abraçar mais firmemente o bolsonarismo no pior momento da família saiu pela culatra. Um prejuízo maior do que o de Ratinho Júnior ou Ronaldo Caiado, que se preservaram mais. Enquanto isso, Lula saiu de uma rejeição de 57% para 51% em um mês e o índice de “conhece e votaria” dele foi de 40% para 47%.
Mas os dados mais relevantes para Lula vieram no relatório que indica leve melhora na aprovação, pelo segundo mês seguido. Sobretudo nos gráficos que mostram que a reação discreta veio a reboque de uma melhora na percepção econômica, sobretudo em relação à inflação de alimentos. Aqueles que acreditam que o preço dos alimentos subiu passaram de 76% para 60% no período, enquanto subiu de 8% para 18% os que enxergam que houve redução dos preços. Ao mesmo tempo em que há ainda muito incômodo com os preços, há espaço para que a melhora na trajetória, se mantida, garanta mais alguns pontinhos para Lula nos próximos levantamentos.
Se a rejeição a Lula não é totalmente estrutural e consolidada, como pareciam mostrar as pesquisas anteriores, o petista pode ter encontrado um caminho para ampliar suas chances de reeleição. Com o arsenal de ferramentas de uso da máquina para derrubar artificialmente a inflação. A conta de luz de graça para uma grande parcela do eleitorado ainda será captada pelas próximas pesquisas. O aumento da isenção do Imposto de Renda ainda vem aí. E ninguém tem dúvida de que a Petrobras será forçada a dar sua contribuição na marra no período eleitoral se isso for preciso.
De risco, por outro lado, estão os efeitos de médio prazo do tarifaço, e a pressão sobre dólar e juros que o vale tudo pode causar. É o cenário do momento. Mas os erros do governo e a imprevisibilidade do cenário político brasileiro − como visto na derrota que pode fazer o governo sangrar na CPMI do INSS – devem deixar como recado o de que, em dois ou três meses, tudo pode mudar. Em mais de um ano, mais ainda.