Divulgação de provas quer inflamar opinião pública às vésperas do julgamento de Bolsonaro
Mais do que o conteúdo das mensagens de Jair Bolsonaro divulgadas, vale atentar para o momento que elas foram divulgadas. A menos de duas semanas do início do julgamento do ex-presidente e outros sete réus da trama golpista, o Supremo Tribunal Federal (STF) revelou nesta quarta-feira, 20, diálogos do capitão com interlocutores próximos – entre eles, o filho Eduardo, que atua nos EUA para tentar salvar o pai.
As mensagens instruem outra investigação em andamento no STF, sobre as artimanhas de Bolsonaro para se esquivar de eventual punição por ter planejado um golpe de Estado. O ministro Alexandre de Moraes decretou neste inquérito medidas cautelares ao ex-presidente e, diante do descumprimento, a prisão domiciliar.

Ou seja, Moraes já tinha convicção da existência da trama para livrar Bolsonaro da Justiça. Com o apoio de áudios e transcrições, os fatos se tornam irrefutáveis. Diante da força das provas, o ministro preferiu divulgar as mensagens ao público.
Os celulares usados por Bolsonaro foram apreendidos em 18 de julho e em 4 de agosto – respectivamente, quando foram impostas as medidas cautelares e quando a prisão foi decretada. Ou seja: a primeira leva do material estava com a Polícia Federal há mais de um mês.
A decisão de divulgar as provas agora não parece aleatória. A pouco tempo do julgamento final de Bolsonaro, áudios, transcrições de mensagens e vídeos comovem a opinião pública.
A condenação do ex-presidente pelo STF é inevitável. Agora, o relator da ação penal lembra os brasileiros dos crimes que Bolsonaro cometeu e prepara o terreno para o julgamento, agendado para iniciar dia 2 de setembro. Moraes também ressalta, com a divulgação no material, que o réu é o ex-presidente, e não o ministro – que acabou punido pelos EUA, por influência de Eduardo.