PF expõe entranhas da família Bolsonaro e STF abre contagem regressiva para prisão de ex-presidente
Tic, tac, tic, tac. A onomatopeia que imita o som de um relógio foi repetida algumas vezes na gestão de Jair Bolsonaro por seu então ministro da Casa Civil Ciro Nogueira. Nos últimos dias, o influenciador Paulo Figueiredo, que age em dupla com Eduardo Bolsonaro lá nos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes, fez o mesmo.
Convencionou-se que o tic, tac é prenúncio de novidade, nem sempre boa, diga-se. Parece ser o que espera o ex-presidente. E o relatório da Polícia Federal sobre a investigação de suposta prática de coação de Bolsonaro, Eduardo e cia para impedir o julgamento da ação penal no Supremo Tribunal Federal está recheado de provas a indicar que o rumo da cadeia é inevitável.

O julgamento da ação penal do golpe já está marcado. A condenação provável é quase uma unanimidade entre aqueles que observam como o STF anda cuidando do caso. Falta saber qual será a pena imposta a Bolsonaro.
O documento policial escancara ainda as entranhas da família Bolsonaro. Mostra mensagens do filho autoexilado nos EUA usando palavras de baixo calão para o pai ex-presidente.
Há ainda inúmeros exemplos da língua sem freios do pastor Silas Malafaia, cujo linguajar por vezes parece não combinar com o de um homem que prega a palavra da Bíblia.
O relatório da PF reproduz até áudios originais das mensagens que Malafaia mandou a Bolsonaro. Parte delas mostra um pastor como um misto de cardeal Richelieu – que mandou e desmandou na França no século XVII–, e general Golbery, o senhor dos ideários da ditadura militar no Brasil.
Nos áudios, o pastor indica a Bolsonaro o que falar, como falar e com quem falar, como quem dá ordens a um pupilo. Ora adota um tom de mero conselheiro, ora esbraveja e repreende sem moderação ou protocolo esperado de quem se dirige a um ex-presidente.
O relato das conversas não deixa saber se Bolsonaro reage exigindo algum respeito ou apenas houve calado impropérios em comportamento subserviente.
A versão do ex-presidente que a PF mostra em seu relatório acaba sendo o oposto da figura de um mito. E vem do filho que faz lobby pelo pai junto ao governo de Donald Trump a confissão. Bolsonaro precisa mostrar-se o tempo todo para manter os Bolsonaros vivos na política. Do contrário, a fila anda e já tem um Tarcísio de Freitas sendo fabricado como herdeiro de seus votos.