25 de agosto de 2025
Politica

CPI do INSS vai causar mais dano a Lula do que julgamento ao bolsonarismo

O governo Lula e a oposição bolsonarista vão enfrentar provações cruciais e simultâneas a partir desta e da próxima semana. Na terça-feira, 26, o Congresso dará início aos trabalhos da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar a fraude no INSS (Instituto Nacional de Seguro Social).

Os líderes governistas dormiram no ponto e deixaram que a presidência e a relatoria da comissão fossem conquistadas por opositores ferrenhos. Uma semana depois, no dia 2, o STF (Supremo Tribunal Federal) vai iniciar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado após a derrota para Lula na eleição de 2022.

Reunião da Comissão Parlamentar Mista de Investigação (CPMI) que vai investigar fraudes no INSS
Reunião da Comissão Parlamentar Mista de Investigação (CPMI) que vai investigar fraudes no INSS

Dois circos estarão montados um ao lado do outro, disputando público. A oposição bolsonarista vai usar a CPMI para criar fatos, manchetes e vídeos virais negativos em série para o governo — enquanto, no picadeiro ao lado, seu líder Bolsonaro estará sentado no banco dos réus.

O objetivo dos parlamentares oposicionistas vai ser, primeiro, provar responsabilidade do governo no avanço do esquema de descontos indevidos nos benefícios dos aposentados e, segundo, vincular entidades e pessoas que participaram da fraude ao PT e — quem sabe, no que seria o prêmio maior — ao próprio presidente.

Uma possibilidade é que Frei Chico, irmão de Lula e vice-presidente de um dos sindicatos investigados pela suspeita de ter tirado nacos ilegais das aposentadorias e pensões, seja convocado para prestar depoimento na comissão. O deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), relatos da CPMI, tergiversou e disse que “não é o momento adequado” para tal convocação.

Com a missão de evitar uma nova mancada da base governista, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) terá como prioridade evitar que Frei Chico seja obrigado a depor e que o governo se torne o único alvo das investigações.

Trata-se de uma tarefa ingrata, ainda mais sem o comando da presidência e da relatoria da comissão. A CPMI do INSS tem tudo para se tornar um eficiente instrumento de desgaste da imagem do governo Lula, assim como a CPI da Covid-19 contribuiu para abalar a popularidade de Bolsonaro em 2021.

O então presidente tinha 30% de aprovação popular, segundo o Datafolha, antes daquela comissão começar. Depois de seis meses de uma CPI que expôs a atuação criminosa do governo na pandemia, a popularidade de Bolsonaro minguou para 22%.

Costuma-se dizer em Brasília que todos sabem como uma CPI começa, mas não como termina. Esse imponderável é o que torna essa comissão tão perigosa para Lula.

Já do julgamento de Bolsonaro no STF pode-se dizer o oposto: sabe-se como começa e pode-se fazer uma aposta segura de como termina, ou seja, provavelmente com a condenação do ex-presidente.

A situação política de Bolsonaro não passará a ser muito diferente da atual. A confirmação de sua prisão apenas vai permitir aos seus herdeiros políticos se movimentar com mais liberdade para disputar seu espólio eleitoral.

O bolsonarismo vai se fortalecer com a narrativa de perseguição ao seu líder e com a possibilidade de se unir em torno de um nome que o “honre” nas urnas. As atrações do circo ao lado são mais imprevisíveis.

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *