26 de agosto de 2025
Politica

Caso Ultrafarma: Fazenda afasta mais 6 fiscais sob suspeita de ligação com propinas de R$ 1 bilhão

O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) mandou afastar mais seis auditores fiscais da Secretaria da Fazenda sob suspeita de ligação com fraudes na liberação ‘acelerada’ de ICMS-ST, esquema que teria levado à arrecadação de R$ 1 bilhão em propinas de gigantes do varejo, como a Ultrafarma e a Fast Shop.

A Fazenda também decretou a instauração de sete processos administrativos disciplinares e abriu 20 apurações preliminares para investigar a conduta dos servidores.

Já são nove auditores da Receita estadual sob investigação da Operação Ícaro por fraude de ICMS-ST antecipado mediante propinas.

“Em São Paulo não haverá espaço para a impunidade”, declarou Tarcísio. “Determinamos o afastamento dos servidores e estamos colaborando com todas as investigações. A punição vai ser rigorosa em todas as esferas para garantir que cada centavo retorne aos cofres públicos.”

O governador disse que ‘não vai tolerar desvio de conduta’. “A gente vai afastar, investigar, punir e recuperar o recurso, e todos os envolvidos sofrerão as consequências”, afirmou.

O alvo principal da Operação Ícaro é o auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, suposto ‘cabeça’ do grupo que teria articulado o esquema de liberação antecipada do crédito tributário. Ele foi preso.

Os fiscais afastados nesta segunda, 25, são: Artur Takefume Hamanaka, Fernando Kenji Iwai, Marcel Ono, Maria Cecília Grava Trentini, Maria da Conceição Rodrigues Fabaro e Selma Laltuf da Costa.

Os seis são ligados às Delegacias Tributárias de Osasco, ABC, Lapa e Pinheiros. Eles ingressaram no Fisco estadual via concursos de 1986, 1998, 2009 e 2013 e estavam atuando na Fiscalização Direta de Tributos.

Antes, além de Artur, já estavam sob investigação os fiscais Alberto Toshio Murakami (já aposentado) e Marcelo de Almeida Gouveia.

Fiscais foram afastados pela Secretaria da Fazenda.
Fiscais foram afastados pela Secretaria da Fazenda.

Samuel Kinoshita amparou sua decisão nos ‘elementos que instruem os autos, notadamente na manifestação da Corregedoria da Fiscalização Tributária (Corfisp)’.

O secretário acentua em seu ato, publicado no Diário Oficial desta segunda-feira, 25, a necessidade de uma ‘definitiva apuração da ocorrência, em tese, de infrações disciplinares no que tange a suposta violação do sigilo funcional’.

O processo disciplinar poderá ensejar na aplicação ao grupo das penas de demissão e demissão a bem do serviço público. Kinoshita referendou ainda a nomeação das Comissões Processantes Especiais, como propôs a Corregedoria.

Artur foi preso na Operação Ícaro, deflagrada há duas semanas pela Corregedoria da Fazenda e pelo Ministério Público estadual. Ele pediu exoneração. Na sexta, 22, a Fazenda acolheu o pedido e demitiu o fiscal, mas isso não o livrou do Processo Disciplinar.

O Palácio dos Bandeirantes informou que ‘as medidas são uma resposta às apurações preliminares da Fazenda no âmbito da Operação Ícaro, que investiga irregularidades relacionadas ao ressarcimento do ICMS-ST.’

“Os trabalhos incluem ainda a abertura de outras 20 apurações preliminares voltadas à análise da evolução patrimonial e à verificação de indícios de irregularidades”, assinala a nota do governo.

A Fazenda já havia revogado a Portaria CAT nº 42/2018, que regulamenta os procedimentos de complemento e devolução do ICMS, e o Decreto nº 67.853/2023, que previa a ‘apropriação acelerada’ do crédito tributário.

A partir de agora, todos os pedidos de ressarcimento passarão, obrigatoriamente, por auditoria fiscal até a conclusão da revisão de todos os protocolos.

“Um grupo de trabalho, instituído no dia 15, conduz a revisão das regras de conformidade e a reestruturação do processo de ressarcimento, incluindo o uso de soluções tecnológicas e o cruzamento automatizado de informações, de forma a reforçar a integridade e a transparência”, pontua o governo.

 

 

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