25 de agosto de 2025
Politica

Fim do desconto automático de associações em benefícios do INSS divide Planalto

A Câmara deve votar nesta terça-feira, 26, um projeto de lei que proíbe o desconto automático de associações e sindicatos na folha de pagamento de aposentados e pensionistas. A medida ganhou força após o escândalo das cobranças indevidas em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas divide o Palácio do Planalto.

Segundo relatos feitos à Coluna do Estadão, ministros como Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, gostariam de manter o desconto automático. O motivo é a avaliação de que há uma tentativa ideológica de setores da direita de sufocar o movimento sindical pelo fato de ser base eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pretende disputar a reeleição em 2026.

Por outro lado, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, é a favor de proibir os descontos por avaliar que não vale a pena arcar com o desgaste político de defender as cobranças após as fraudes reveladas pela Polícia Federal (PF) no INSS. Procurados, Gleisi e Rui não comentaram.

Na prática, o Planalto tem “pisado em ovos” com o assunto e deve apenas tentar evitar a aprovação de outros pontos do relatório do projeto apresentado pelo deputado Danilo Forte (União-CE). A Coluna apurou que a própria Gleisi combinou com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a votação na terça-feira, 26, após um adiamento pedido pelo Planalto.

Em 2017, a reforma trabalhista, proposta pelo governo Temer e aprovada pelo Congresso a contragosto do PT, tornou facultativa a contribuição sindical de trabalhadores. Com isso, o desconto automático em benefícios do INSS se tornou uma das principais fontes de recursos desses órgãos.

Mas o escândalo do INSS apontou descontos fraudulentos. Um relatório da auditoria do órgão, por exemplo, apontou que somente em setembro de 2022, o Instituto fez um desbloqueio em lote de 30.211 benefícios para desconto em folha a pedido da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares), entidade ligada ao PT.

O documento foi retirado do ar na semana passada. O INSS afirmou que o documento foi publicado no site do órgão por “uma falha de procedimento” antes de ser concluído.

Os sindicatos sempre foram base eleitoral de Lula. O presidente despontou na política, nas décadas de 1970 e 1980, ao liderar greves durante a ditadura militar como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP).

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República

 

 

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