Com problema no joelho, Tarcísio pode ser desfalque em clássico de prefeitos apitado por Kassab
Os planos de aliados para promover uma dobradinha entre Ricardo Nunes (MDB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) podem ser frustrados nesta terça-feira, 26, pelo próprio governador de São Paulo. Enquanto o cenário eleitoral de 2026 segue indefinido, Tarcísio foi escalado para fazer dupla de ataque com Nunes em uma partida de futebol às 18h no Mercado Livre Arena Pacaembu, mas as fortes dores que o governador sente em um dos joelhos o colocam como dúvida para entrar em campo.

Às vésperas da partida, o chefe do Executivo paulista intensificou o tratamento com anti-inflamatórios para conseguir atuar. “Se hoje me falta físico, o talento continua”, declarou Tarcísio ao Estadão.
A partida entre autoridades, prefeitos e ex-prefeitos fechará o primeiro dia do 67º Congresso Paulista de Municípios. O evento será todo realizado no Pacaembu, que após a reforma dos últimos anos conta com auditórios para painéis e palestras corporativas construídos abaixo da arquibancada leste.
Para provar que é bom jogador, o governador se gaba do passe que deu para um gol de Luís Fabiano, ex-atacante do São Paulo e da Seleção Brasileira, em uma partida no ano passado na cidade de Jaguariúna (SP).
Destro, Tarcísio joga de meia ou de ponta-direita. “Nada de esquerda”, brincou o governador, que no compromisso anterior vestiu a camisa de número 10 e empunhou a braçadeira de capitão da equipe. Flamenguista de coração, ele diz que em São Paulo torce para a Portuguesa de Desportos – uma tentativa de evitar se comprometer com as torcidas dos quatro maiores times do Estado.
O sonho de Nunes é levar a parceria com o governador dos gramados para as urnas. O prefeito quer disputar o governo de São Paulo com a bênção de Tarcísio caso o atual chefe do Executivo candidate-se a presidente. Em 2024, Tarcísio foi o principal cabo eleitoral na reeleição de Nunes na capital.
Questionado por meio da assessoria se a dupla de ataque com Tarcísio poderia se repetir fora de campo no ano que vem, o prefeito desconversou. “Esse é um jogo para descontrair, mas o time é muito bom, foi escalado pelo voto da população”, respondeu Nunes.
O árbitro da partida será o presidente do PSD e secretário estadual de Governo, Gilberto Kassab (PSD). Embora a função exija imparcialidade, ele parece já ter escolhido um lado. O dirigente voltou a afirmar na segunda-feira, 25, que o PSD pode abrir mão de lançar candidato a presidente para apoiar Tarcísio.
À medida em que a notícia de que Kassab seria o árbitro da partida corria pelos bastidores da política paulista, as brincadeiras se multiplicavam.
Um ex-deputado disse ao Estadão que a escolha do juiz foi acertada. Ele lembrou a célebre frase de Kassab. Prestes a fundar o PSD em 2011, ele disse que o partido não seria “de direita, de esquerda e nem de centro”.
Outro aliado próximo do presidente da sigla brincou com qual seria a manchete dos jornais. “Com 20 prefeitos em campo, a expectativa do PSD é de que Kassab, como juiz, filie ao menos cinco”.
A piada não é inocente. Kassab gerou incômodo em caciques partidários do Centrão ao filiar uma leva de prefeitos de outras siglas nos últimos anos – oriundos principalmente do PSDB – e tornar o PSD a legenda com mais prefeitos eleitos no Brasil (891) e em São Paulo (206).
Kassab deverá apitar apenas uma das quatro partidas programadas para que todos os 137 prefeitos e autoridades inscritas possam jogar. Cada partida terá dois tempos de 35 minutos.
A abertura do congresso caberá a Tarcísio. Como mostrou o Estadão no último domingo, o governador desenhou uma estratégia para manter abertas duas opções para 2026: disputar a reeleição ou o Palácio do Planalto com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O plano para a primeira envolve intensificar as agendas no interior e se aproximar dos prefeitos, para o qual o encontro desta terça-feira na capital contribuirá.
Na segunda hipótese, o governador tem sido presença constante em eventos públicos do mercado financeiro e encontros reservados com o empresariado. Nessas reuniões, expressa sua visão para o Brasil e esboça propostas de governo.
Tarcísio declarou em um seminário promovido pelo grupo Esfera Brasil na segunda-feira que é preciso reduzir o número de ministérios e foi questionado sobre qual deveria ser o lema do próximo governo.
Na resposta, o governador paulista comparou o cenário atual ao quadro político pós era Vargas. Ele descreveu Getúlio como um líder carismático que governou o Brasil por muito tempo, retornou ao poder na década de 50 e cujo suicídio foi responsável por “instalar a confusão no País”. O governador elogiou a chegada de Juscelino Kubitschek que com o slogan de “50 anos em 5” impulsionou a industrialização do País e construiu Brasília.
“Então, eu não sei qual vai ser o lema de um novo governo. Eu sei que a gente precisa fazer pelo menos 40 anos em 4. Isso está muito claro”, concluiu Tarcísio, sendo aplaudido pela plateia de empresários e políticos.
O Palácio dos Bandeirantes disse que Tarcísio mantém diálogo com os diferentes setores da sociedade, “incluindo empresariado e representantes do mercado financeiro, sendo convidado e participando de encontros, reuniões e eventos desde o primeiro dia de gestão”.
O Executivo afirmou ainda que a Caravana 3D, iniciativa pela qual Tarcísio percorre o interior, foi idealizada no final de 2024 para percorrer todas as regiões do Estado com foco “nos três pilares da gestão: desenvolvimento, dignidade e diálogo”.
“A iniciativa busca fortalecer a articulação com os municípios, garantindo entregas e investimentos alinhados às necessidades regionais e que contribuam para a melhoria da qualidade de vida da população”, disse o Bandeirantes.