Reunião ministerial serviu para ‘uniformizar’ discurso e pedir defesa do governo; veja bastidores
BRASÍLIA – A reunião ministerial realizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira, 26, teve como principal objetivo “uniformizar” o discurso do governo e dar o recado aos ministros para que eles propaguem os dados positivos da economia, apurou o Estadão/Broadcast.
Segundo fontes ouvidas pela reportagem, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Sidônio Palmeira, apresentou aos colegas uma peça publicitária que será divulgada a partir da próxima semana. A campanha segue o novo slogan do governo federal: “Governo do Brasil: do lado do povo brasileiro”.

Em sua fala, Sidônio também enfatizou aos ministros a importância de que façam a defesa do governo de forma geral, e não apenas dos números de suas pastas. Nas palavras de um dos presentes, a ideia de Sidônio é que os integrantes do primeiro escalão são a principal “tropa” de defesa do governo e têm de usar isso para ajudar a melhorar a popularidade do presidente Lula.
Para além dos dados sobre a melhora da economia, Sidônio reforçou aos participantes o discurso sobre a soberania. Foi nesse contexto que apresentou a nova peça publicitária. O argumento ganhou força após o governo dos Estados Unidos impor tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil.
Apesar de não ter havido uma cobrança mais enfática por parte do presidente, o recado aos auxiliares ficou claro: o Palácio do Planalto quer mais empenho do time para divulgar os dados positivos da economia, os novos programas do governo (Gás do Povo, Luz do Povo, Melhoria Habitacional do Minha Casa Minha Vida, entre outros) e a defesa da soberania nacional. A ideia da equipe de comunicação é que os titulares de cada pasta tenham mais exposição na mídia e nas redes sociais, falando não só de suas áreas, mas de todas as ações federais.
Para embasar essa defesa, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, fez uma apresentação de cerca de 36 minutos. Após a fala de Rui, a reunião deixou de ser transmitida. Depois disso, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad; das Relações Exteriores, Mauro Vieira; da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann; e da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, discursaram.
Segundo fontes, Haddad detalhou as medidas econômicas adotadas nestes mais de dois anos de mandato que permitiram que o Brasil chegasse a este momento com os atuais indicadores. Vieira tratou das tensões no Oriente Médio, na Ucrânia e das tentativas de negociação com os Estados Unidos.
Gleisi listou projetos que tramitam no Congresso e são considerados prioritários. Embora não tenha havido cobrança direta para que os ministros ajudem na aprovação dessas propostas, o pedido ficou implícito.
O Broadcast Político apurou ainda que não houve menção específica aos ministros do Centrão, em especial os do União Brasil e do PP. Mesmo assim, ficou subentendido o pedido para que eles se empenhem na defesa do governo da mesma forma que os demais.
Ministros ouvidos pela reportagem elogiaram o formato mais curto da reunião. O encontro estava marcado para as 9h, começou por volta das 10h e terminou pouco depois das 13h. Para que isso fosse possível, o governo decidiu realizar em breve outros encontros com os ministros, que serão divididos em cinco setores: Infraestrutura, Desenvolvimento, Social 1, Social 2 e Institucional. Os ministros da Casa Civil, da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, da Secretaria de Relações Institucionais e da Secretaria de Comunicação Social participarão das reuniões de todos os núcleos.