STF marca interrogatório de deputados do PL acusados de desviar recursos de emendas
O Supremo Tribunal Federal (STF) agendou para quinta-feira, 28, o interrogatório dos deputados federais Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE). A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou o trio de cobrar 25% de propina sobre as emendas destinadas ao município de São José de Ribamar, na região metropolitana de São Luís (MA).
Em março, de forma unânime, a Primeira Turma do Supremo tornou os três deputados réus pelo crime de corrupção pelo uso indevido de emendas parlamentares. As defesas dos parlamentares negam irregularidades no direcionamento dos recursos e pedem que o processo seja extinto por falta de provas.

Sobre o interrogatório, o deputado Josimar Maranhãozinho afirmou que “como a defesa não tem acesso ao conteúdo de documentos indicados na denúncia, o deputado não responderá questionamentos em seu interrogatório”. “Nunca encaminhei emenda parlamentar minha para o município de São José de Ribamar, o que ficou esclarecido pelo próprio depoimento dado agora nesse mês de agosto do então prefeito à época”, disse.
Procurados pelo Estadão, os demais deputados não se manifestaram até a publicação deste texto.
Os três são acusados de desviar recursos que seriam aplicados na área da saúde. De acordo com a PGR, os deputados teriam pedido propina de R$ 1,66 milhão em troca de liberar R$ 6,67 milhões em verbas para a cidade maranhense.
Entre as provas coletadas pela PF, estão conversas em que os deputados mencionam reuniões para cobrar pagamento de comissões, além da organização de agendas com autoridades do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Josimar e Gil foram eleitos pelo Maranhão e são membros da bancada evangélica da Câmara dos Deputados. Bosco Costa, por sua vez, está no quarto mandato como parlamentar pelo Sergipe.
No ano passado, o Estadão mostrou que a PF apura um sofisticado esquema de compra e venda de emendas parlamentares ao Orçamento, envolvendo até mesmo agiotas. O caso, sob sigilo, é uma espécie de laboratório de como funciona a aliança entre parlamentares, prefeitos e empresas para desviar recursos públicos.