27 de agosto de 2025
Politica

Tarcísio esconde o jogo às vésperas do julgamento de Bolsonaro e preocupa Lula; leia bastidores

Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pudesse escolher um adversário para enfrentar em 2026, certamente não seria o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Embora pesquisas de intenção de voto indiquem que Lula derrotaria Tarcísio se as eleições fossem hoje, há muita água para rolar embaixo dessa ponte política.

No Palácio do Planalto, auxiliares de Lula dizem que o cenário ideal para o PT seria uma disputa com algum sobrenome Bolsonaro. Inelegível até 2030, o ex-presidente Jair Bolsonaro está prestes a ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe e vem perdendo apoio.

Apesar de ser desconhecido fora de São Paulo, Tarcísio é visto como um político que tem potencial para crescer com o aval da direita, dos bolsonaristas, dos empresários e da Faria Lima. Além disso, pesquisas mostram que ele pode atrair o antipetismo. Mais: no diagnóstico de aliados do presidente, o governador não é igual a Bolsonaro, mesmo jurando fidelidade ao padrinho político.

Lula e Tarcísio: críticas e desconfiança
Lula e Tarcísio: críticas e desconfiança

Tarcísio diz que não é candidato à sucessão de Lula, mas vestiu figurino sob medida para a empreitada. Disposto a conquistar discípulos, emagreceu na balança e encorpou o discurso: agora, seus pronunciamentos ultrapassam as fronteiras de São Paulo para focar nos problemas do Brasil.

O governador afirma que não dá mais para ter alguém “pensando como os Flintstones” no Planalto. Na segunda-feira, 25, ao participar de um seminário promovido pela Esfera Brasil, em São Paulo, tratou até mesmo de atualizar o slogan de Juscelino Kubistschek, que pregava “50 anos em 5”.

Questionado pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI) sobre qual deveria ser o lema para uma futura administração de centro-direita, Tarcísio observou que, hoje, é preciso fazer “pelo menos 40 anos em 4”. Presidente do PP – partido que casou de papel passado com o União Brasil – e um dos principais expoentes do Centrão, Ciro atua para ser vice na chapa de Tarcísio.

Bolsonaro foi avisado de que o governador começaria a dar pistas sobre os seus planos e aprovou a iniciativa. Tarcísio já falou que conhece “excelentes nomes” para o Ministério da Fazenda e prometeu que, se for eleito para o Planalto, anistiará o ex-presidente.

Agora, tenta ganhar a confiança do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que age como uma espécie de “informante” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Eduardo não quer de jeito nenhum ver Tarcísio como herdeiro dos votos de seu pai e já o xingou, fazendo coro com o irmão, Carlos, que chamou os governadores de direita de “ratos”.

Enquanto Lula cobra a cassação de Eduardo por conspirar contra o Brasil – como fez nesta terça-feira, 26, durante reunião ministerial –, Tarcísio tem atuado, nos bastidores, para evitar que o Conselho de Ética da Câmara puna o deputado.

Empenhado em se aproximar de Eduardo, o governador tem dito que não há motivo para punir o filho de Bolsonaro. Tarcísio vem tratando do assunto com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e parlamentares aliados.

Na reunião ministerial desta terça-feira, Lula disse não ter dúvidas de que seu rival em 2026 será Tarcísio. Como a principal preocupação dos eleitores, atualmente, é com a falta de segurança, o presidente pediu ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que acelere projetos para essa área. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança está parada no Congresso.

Caso Tarcísio entre mesmo no páreo presidencial, o seu desembarque do Republicanos, com a consequente entrada no PL, é dado como certo. Nesse cenário, um dos nomes cotados para concorrer ao governo paulista é o do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Até agora, o PT não tem candidato ao Palácio dos Bandeirantes e pode apoiar o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB).

Conhecido pelo “sincericídio”, França disse a Lula, recentemente, que prefere Bolsonaro a Tarcísio. “Por quê?”, quis saber o presidente. “Bolsonaro é como a Odete Roittman, a gente sabe todas as maldades que ele faz. Já o Tarcísio é a Maria de Fátima, dissimulado”, respondeu França.

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