28 de agosto de 2025
Politica

Zanatta apresenta defesa e diz que levar bebê para motim na Câmara é gesto de ‘dever de maternidade’

BRASÍLIA – A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC), que participou – com o seu bebê de quatro meses – do motim na Câmara dos Deputados que impediu votações no plenário por dois dias, disse em defesa apresentada à Corregedoria da Casa que o ato foi um exercício do “direito e dever da maternidade”.

Segundo a parlamentar, a ação dela foi uma “manifestação política legítima” e alega que não há na Constituição, no regimento interno da Câmara ou no Código de Ética e Decoro qualquer proibição expressa ao ato de ocupar cadeira da Mesa Diretora.

Deputada Júlia Zanatta levou filha de quatro meses para motim no plenário da Câmara.
Deputada Júlia Zanatta levou filha de quatro meses para motim no plenário da Câmara.

“Carregar em seu colo, sua bebê de quatro meses é, ao mesmo tempo, um direito e um dever da maternidade, e que apenas na cabeça daqueles que odeiam a família, que manipulam a opinião pública e que perseguem seus adversários políticos, pode ser visto com uma tentativa de impedir o funcionamento institucional ou que esse ato é uso de uma criança como escudo”, afirmou a parlamentar em sua defesa.

A parlamentar foi a última dos acusados por partidos governistas de participarem de motim a apresentar a defesa à Corregedoria Parlamentar, que avalia os casos. O documento foi apresentado ao órgão da Câmara nesta terça-feira, 27.

Zanatta também tentou justificar o motim em protesto à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atribuindo parte da motivação a um compromisso não assumido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

“A manifestação foi o último recurso da oposição, e não só desta, após o reiterado descumprimento de um compromisso de pauta assumido e não cumprido pela Presidência da Casa, sendo um ato de reação à quebra da palavra desencadeada por longos meses de espera”, disse.

Ainda, segundo Zanatta, o ato foi uma “reação que pudesse chamar a atenção para uma discussão real e comprometida com algumas pautas que visam reequilibrar os Poderes da República e o funcionamento do sistema de freios e contrapesos tão ineficaz atualmente”.

A parlamentar também disse que a escolha de 11 deputados da oposição faz parte de uma busca por “bodes expiatórios”. Por isso, Zanatta crê que o princípio da indivisibilidade foi ferido.

“Naquele momento, não foram apenas 11 parlamentares que fizeram o ato de manifestação no início dos trabalhos legislativos, mas sim estima-se que foram 80 deputados federais. A ausência de imputação de ilícito e, por consequência, a aplicação da penalidade a todos os 80 deputados federais participantes da manifestação legítima devem levar à ideia de violação patente ao princípio da indivisibilidade”, afirmou.

A Corregedoria Parlamentar, chefiada pelo deputado Diego Coronel (PSD-BA), foi delegada por Motta como responsável por avaliar punições aos deputados que participaram do motim no plenário da Câmara, no começo deste mês de agosto.

A Corregedoria avalia a possibilidade de punir esses deputados até com uma suspensão cautelar do mandato, que pode durar até seis meses.

 

 

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