Andreazza: ‘Conferência é sobre mudança climática, mas força-tarefa é para arrumar quarto’

O colunista do Estadão Carlos Andreazza analisa nesta quinta-feira, 28, no quadro Andreazza Reage, os impasses para a realização da Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática (COP-30) em Belém (PA), dentre eles, a falta de acomodações para receber as delegações na cidade. O evento ocorrerá em novembro deste ano.

Segundo ele, a desorganização às vésperas da COP-30 tem relação com “quem governa Belém, quem governa o Estado do Pará e quem governa este País. Uma bagunça”. Dentre os problemas elencados por Andreazza, estão obras atrasadas, o aeroporto de Belém inacabado e possíveis casos de corrupção. No entanto, o desafio mais preocupante é a crise na hospedagem.

“(A crise na hospedagem) é um aspecto do problema da COP, da vergonha que o Brasil vai passar no momento em que quer apresentar a diversidade da Amazônia, a partir de Belém, para o mundo”, diz.

O colunista cita reportagem do Estadão em que o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, relata preocupação com a falta de camas e diz que “algumas delegações já estão dizendo que vão cortar seus enviados” por falta de acomodações.

Frente ao impasse, o governo deu início a uma força-tarefa para negociar o preço das hospedagens, que explodiu. Andreazza define a medida como “improviso”, “correria” e diz que “a conferência é sobre mudança climática, mas força-tarefa é para arrumar quartos”. “A COP da verdade, segundo o Lula, mostra a verdade sobre a competência do Brasil.” O colunista diz como a questão desviou a atenção de assuntos relacionados ao meio ambiente.

Para Andreazza, o governo foi negligente em solucionar este e outros problemas. “Todo mundo sempre soube que Belém – por melhor que seja e mais atraente que seja para se visitar – que não tem estrutura hoteleira para receber essa rapaziada toda. E você não vai construir hotel para receber toda essa gente. Tem que criar soluções para a circunstância. Agora não tem mais solução”, afirma. O colunista critica também as soluções na forma de “puxadinho”, como a proposta de realizar uma parte do evento no Rio de Janeiro.

Andreazza cita ainda a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disse que “todo mundo quer a Amazônia em pé, temos que manter a floresta em pé”. “Querem manter a floresta de pé, querem mostrar a Amazônia, o mundo precisa conhecer a Amazônia, mas, exposta está a incompetência dos governos brasileiros.”