Quem são Beto Louco e Primo, chefes do esquema bilionário do PCC
Conhecidos como “Beto Louco” e “Primo”, os empresários Roberto Augusto Leme da Silva e Mohamad Hussein Mourad, respectivamente, são apontados como elementos centrais do esquema bilionário comandado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). A infiltração do crime organizado na economia formal foi revelada nesta quinta-feira, 28, na megaoperação deflagrada por vários órgãos em cooperação em dez Estados brasileiros.
Considerada a maior operação do tipo contra o crime organizado na história do País, a ação mirou envolvidos no domínio de toda a cadeia produtiva da área de combustíveis, incluindo usinas, fabricação e refino, distribuidoras, transportadoras, fintechs, e redes de postos de combustível.
Os dois, Mourad e Leme da Silva, estão foragidos. As defesas ainda não foram localizadas.

Mourad, o Primo, é descrito como o “epicentro das operações”, e teria montado a rede criminosa com familiares, sócios e profissionais cooptados para fraudes fiscais, ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro.
Primo é dono da distribuidora de combustíveis Aster, destino de R$ 2,22 bilhões dos R$ 17,7 bilhões em movimentações suspeitas do BK Bank, principal fintech investigada no esquema. A Aster teve sua atuação suspensa pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em 2024.
Mourad também era dono de uma rede de postos de combustíveis que estariam em nome de laranjas. Ele seria ligado ainda à Copape, uma formuladora de combustíveis.
As investigações apontam que o grupo formado por Copape e Aster era dirigido por um “testa de ferro”, e que, na verdade, as empresas são geridas por Primo e por Beto Louco, apontado como co-líder da organização criminosa.
Segundo a investigação, o grupo tem relação com operadores suspeitos de lavar dinheiro para o líder do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. O advogado de Marcola negou que ele tenha ligação com os episódios investigados na operação desta quinta-feira.
No LinkedIn, Mourad se apresenta como CEO de uma transportadora rodoviária de cargas especializada em “combustível e tanque”, e se descreve como “empresário e investidor que acredita na potência do trabalho, da disciplina e do comprometimento como caminho para o alcance de resultados sólidos”. O investigado acrescenta que aprendeu a “desconfiar dos atalhos, valorizando a estabilidade”.
A Receita Federal estima que a organização criminosa movimentou R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024. Os auditores detectaram irregularidades em mais de mil postos de combustíveis.