Advogado revela na CPI dos INSS como descobriu esquema de fraudes; veja como foi
BRASÍLIA – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ouve, nesta segunda-feira, 1º., o advogado Eli Cohen, um dos primeiros a descobrir o esquema fraudulento de desconto em aposentadorias.
Ele contou à CPI que soube disso ao ser procurado por dois aposentados ligados a associações que se beneficiavam desse esquema fraudulento, no final de dezembro de 2022.
Maria Aparecida Vieira, então diretora da Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), e Luís Carlos dos Santos, um policial cadeirante, o procuraram porque começaram a receber oficiais de justiça em suas casas.
“São pessoas extremamente simples”, disse Cohen, que disse que precisou de “dez minutos” para descobrir que se tratava de um esquema bilionário e que em três meses ele já tinha a autoria e a materialidade do crime. “Esse aqui é um esquema criminoso empresarial”, afirmou.
Assim ele chegou ao nome de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS” e o empresário Maurício Camisotti, ambos com ligações com a Ambec.
Inquérito da Polícia Federal apontam que Camisotti tem ligações com ex-presidentes da Ambec e o “Careca do INSS” seria procurador legal da associação. A PF caracteriza Antunes como figura central no esquema investigado, como um lobista que representava as associações junto ao INSS, cooptando funcionários públicos para liberar os descontos milionários.
A Ambec teve um crescimento vertiginoso entre 2021 e 2024. Em 2021, as contribuições dos associados foram de R$ 135. O total saltou para R$ 14,9 milhões em 2022 e 91 milhões em 2023. Em 2024, as contribuições alcançaram R$ 231,3 milhões. O faturamento da associação soma R$ 178 milhões entre 2019 e 2024.
Para o relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), Cohen teve “papel fundamental para desvendar o esquema criminoso”.
