20 de setembro de 2025
Politica

O risco de Bolsonaro tornar Tarcísio um ‘não governador’ se anunciá-lo como sucessor ao Planalto

Integrantes do Centrão e do PL pressionam Jair Bolsonaro a anunciar Tarcísio de Freitas (Republicanos) como seu sucessor na corrida presidencial logo após terminar o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) em que, profetizam, o ex-presidente será inevitavelmente condenado. Esse movimento, no entanto, preocupa aliados do governador de São Paulo por dois motivos. O primeiro é que ele se tornaria um “não governador”, ou seja, perderia a credibilidade para conduzir ao Estado já que seria visto, desde já, como alguém de olho no Planalto apenas. O segundo é que viraria “vidraça” na arena política.

O temor de um anúncio público agora é grande não só porque o governo Lula apontaria toda sua artilharia para o governador, mas também por causa do “fogo amigo”. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), por exemplo, resistem à candidatura de Tarcísio e estão prontos para sabotá-la.

Um correligionário de Tarcísio disse à Coluna do Estadão, sob reserva, que o melhor para o governador é atuar nos bastidores agora, com a construção de alianças para disputar o Palácio do Planalto em 2026, sem ser ungido oficialmente por Bolsonaro. Afinal, o governador tem até abril do ano que vem para deixar o Palácio dos Bandeirantes, caso escolha concorrer à Presidência.

A articulação do Centrão por Tarcísio cresceu nas últimas semanas. Como mostrou a Coluna, os partidos de direita perderam o “medo” de Bolsonaro e decidiram agir para emparedar a família e dar as cartas no jogo eleitoral de 2026. Em jantar realizado na casa do presidente do União Brasil, Antonio de Rueda, na semana passada, após a convenção que formalizou a federação entre PP e União, o governador foi a “estrela”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligou o alerta e afirmou, durante reunião ministerial, que Tarcísio será seu adversário ano que vem. O PT, por sua vez, convocou a “tropa de choque” dos partidos de esquerda para unir esse campo político, discutir estratégias eleitorais e blindar a imagem de Lula.

Da parte palaciana, a tendência é o presidente Lula “chamar Tarcísio para a briga”, cada vez mais. Com base nas pesquisas mais recentes de intenção de voto para 2026, estrategistas do PT estão convencidos de que o bolsonarismo causa mais rejeição que o petismo já provocou. Logo, a ideia é colar a imagem do governador de São Paulo a Bolsonaro, preferencialmente tentando relacioná-lo à ala mais radical da direita bolsonarista.

Tarcísio sabe que precisa dos votos bolsonaristas, entretanto já percebeu que é a imagem de equilíbrio que pode atrair a parcela do eleitorado que não se agrada de Lula nem de Bolsonaro.

Em paralelo a tudo isso, vale lembrar que a direita tem outros postulantes ao Planalto. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), já apresentou sua pré-candidatura. O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), também. O PSD apresenta o nome do governador do Paraná, Ratinho Júnior, para a corrida presidencial.

Há quem defenda no grupo que “quantos mais candidaturas melhor” para garantir o segundo turno desde já. Outros, entretanto, acreditam na possibilidade de unir todos em torno de Tarcísio.

Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo
Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo

 

 

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