4 de setembro de 2025
Politica

Conformados com derrota no STF, advogados dos réus apelam para bajulação dos ministros

Ciosos de que serão derrotados no julgamento sobre a trama golpista, advogados de réus acusados de tramarem um golpe de Estado fizeram sustentações orais no Supremo Tribunal Federal (STF) sem apresentar novidades. Alguns deles foram além: apelaram a elogios para ganhar a simpatia da Primeira Turma.

O ex-senador Demóstenes Torres, que representa Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, passou os primeiros vinte minutos da sustentação oral contando histórias e elogiando ministros. Ganhou um sorriso discreto de Flávio Dino quando disse que o ministro podia ser eleito presidente da República, porque era jovem.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, ouviu elogios de advogados na Primeira Turma
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, ouviu elogios de advogados na Primeira Turma

Ainda na tentativa de ganhar a simpatia da Primeira Turma, Torres incluiu um elogio a Alexandre de Moraes dentro de uma declaração favorável a Jair Bolsonaro. “Se o Bolsonaro precisar de eu levar cigarro para ele em qualquer lugar, pode contar comigo. Ele é uma pessoa que eu gosto. Talvez seja a única pessoa no Brasil que goste do ministro Alexandre Moraes e goste do ex-presidente Jair Bolsonaro”, afirmou.

O advogado do tenente-coronel Mauro Cid, Cezar Bittencourt, disse logo no início da sustentação oral que Luiz Fux “é sempre simpático e atraente, como são os cariocas”. Dino emendou: “Não aceito nada menos que isso”. O advogado não deixou por menos: disse que o ministro tem galhardia, elegância, sabedoria e talento.

Eumar Novack, advogado de Anderson Torres, acabou bajulando dois ministros ao dar o exemplo de um raciocínio lógico. Disse que, se perguntasse se Flávio Dino era bonito e alguém respondesse que Cármen Lúcia era “bonita elegante inteligente e justa”, ele não teria obtido a resposta desejada. “Não falseou a verdade, mas não respondeu o que eu quero saber”, argumentou.

No sentido contrário dos colegas, o advogado Paulo Renato Cintra Pinto, contratado por Alexandre Ramagem, errou a mão e acabou levando bronca de Cármen Lúcia. Em um contexto de citação a documentos, disse que o processo eleitoral brasileiro não era auditável. A ministra questionou se ele sabia a diferença entre processo eleitoral auditável e voto impresso.

“O senhor repetiu como se fosse sinônimo e não é. O processo eleitoral é amplamente auditável no Brasil”, disse. Diante do constrangimento, o advogado foi obrigado a concordar com Cármen Lúcia para tentar amenizar a situação: “Eu conheço profissionalmente a segurança das urnas”.

Fora a tentativa de angariar simpatia dos ministros, as sustentações orais trouxeram mais do mesmo. Dos oito réus, quatro foram representados nesta terça-feira, 2. De modo geral, as defesas não negam que houve tentativa de golpe, mas reforçam que seus clientes não participaram dela.

Com esse argumento, a defesa de Mauro Cid voltou a defender que o tentente-coronel não perdesse os benefícios a ele oferecidos no acordo de delação premiada. Bittencourt afirmou que o cliente não elaborou, compartilhou ou incitou conteúdo golpista. “O que há é o recebimento passivo de mensagens em seu WhatsApp, das quais ele sequer fazia repasse”, declarou.

Conformado com a derrota, Demóstenes Torres pediu penas mais brandas. Para isso, disse que a denúncia atribuiu aos réus crimes repetidos. Por exemplo, nos casos de dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. “Um absorve o outro”, argumentou.

 

 

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