‘Autorizei a Polícia Legislativa a ir atrás do Careca do INSS’, diz presidente da CPI do INSS
O presidente da CPI do INSS, Carlos Viana (Podemos-MG), declarou à Coluna do Estadão que autorizou a Polícia Legislativa a ir até a casa de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, e do empresário Maurício Camisotti, envolvidos no esquema de fraude em benefícios de aposentados e pensionistas, para convocá-los a depor no colegiado. O senador disse que os dois ainda não responderam as tentativas de contato da comissão.
“Autorizei a ida da Polícia Legislativa a ir atrás deles, até a casa deles, para convocá-los”, afirmou Viana. A ideia é que os dois prestem depoimento na CPI nas próximas duas quintas-feiras.
Camisotti e o “Careca do INSS” são apontados como “figuras centrais” em investigações da Polícia Federal sobre o esquema fraudelento que atuava no desvio de aposentadorias.
Camisotti seria “sócio oculto” da associação e teria usado familiares como laranjas em diversas empresas para receber e lavar o dinheiro das fraudes. A mulher, o filho, dois primos, um sobrinho e o cunhado dele são investigados. Os três últimos presidentes da associação tem parentesco com o empresário.
Já o “Careca do INSS” é apontado como lobista do esquema. De acordo com a PF, foi ele quem abordou servidores do INSS para conseguir os dados cadastrais dos aposentados.
Segundo o senador, o ex-ministro do Trabalho Onyx Lorenzoni, que ocupou o cargo na gestão Bolsonaro, deve marcar presença na CPI no próximo dia 22. Uma semana antes, no dia, 15, a comissão deve ouvir José Carlos Oliveira, que também exerceu o posto no governo anterior. Na próxima segunda-feira, 8, será a vez de Carlos Lupi depor aos deputados e senadores.
Todas essas três audiências prometem causar tumulto. Lupi foi o primeiro ministro da Previdência no governo Lula e estava no cargo quando a crise do INSS estourou.
Já Oliveira foi ministro da Previdência no governo Bolsonaro. O nome do ex-ministro despontou na investigação da Operação Sem Desconto a partir da análise de movimentações financeiras de associações e sindicatos sob suspeita de ligação com o esquema.
A Polícia Federal identificou vínculos com pessoas ligadas à Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil (Conafer), uma das entidades investigadas, que recebeu mais de R$ 100 milhões do INSS.
A audiência com Lorenzoni ainda deverá ter um confronto especial com o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), que lidera o governo na CPI. Os dois são adversários políticos no Rio Grande do Sul.
Apesar da pressão de bolsonaristas, Viana afirmou que não há justificativa para convocar Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e vice-presidente de uma das entidades investigadas na Operação Sem Desconto. “Se o nome dele for citado em alguma investigação, em alguma quebra de sigilo, pode ter certeza que vamos chamar”, declarou.
