4 de setembro de 2025
Politica

‘Cê não imagina o esquema’, ‘tá guloso’, disse lobista sobre governador do Tocantins

Mensagens encontradas no celular do empresário Paulo Cesar Lustosa Limeira reforçaram as suspeitas de corrupção contra o governador do TocantinsWanderlei Barbosa (Republicanos), afastado pelo período de seis meses do cargo nesta quarta-feira, 3, por ordem do ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), confirmada pela Corte. O governador foi alvo de buscas da Polícia Federal, em sua casa e também em seu gabinete no Palácio Araguaia na segunda fase da Operação Fames-19.

Em nota, Wanderlei disse que considera a decisão “precipitada” e que vai acionar os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo e comprovar a legalidade dos seus atos (leia a íntegra da nota ao final da matéria).

Wanderlei Barbosa foi vice de Mauro Carlesse antes de assumir o governo do Tocantins.
Wanderlei Barbosa foi vice de Mauro Carlesse antes de assumir o governo do Tocantins.

A PF também fez buscas, por decisão do ministro Campbell, nos gabinetes de dez dos 24 deputados da Assembleia Legislativa do Tocantins. A investigação põe os parlamentares sob suspeita de envolvimento com o esquema, inclusive o presidente da Casa, Amélio Cayres (Republicanos).  

A Procuradoria-Geral da Assembleia informou que “não teve acesso aos autos, portanto, desconhece-se o que motivou a expedição dos referidos mandados” (abaixo a íntegra da nota da Assembleia).

Empresário conversou com irmão sobre esquema que estaria sendo montado no governo Barbosa.
Empresário conversou com irmão sobre esquema que estaria sendo montado no governo Barbosa.

Em conversas no WhatsApp com o irmão, Paulo César Lustosa – apontado como lobista do esquema – afirma que um esquema de direcionamento de contratos em troca de propinas começou a ser montado antes mesmo da posse do governador, ainda na transição da gestão Mauro Carlesse (2018-2022), de quem Wanderlei foi vice. O ex-governador também está pressionado por investigações de corrupção em outros episódios.

“Sai da mão do Carlesse entra na mão do Wanderlei. Meu Deus do céu véi, cê não imagina o esquema que esses caras tão montando aí (sic)”, afirma Lustosa.

Em outro diálogo, ele comenta decreto do governador que prorrogou o estado de calamidade pública no Tocantins, no auge da pandemia de covid-19, que permitiu contratações emergenciais sem licitação: “Caba tá guloso, rsrsrs Dinheiro”.

Conversas reforçaram suspeitas sobre Wanderlei Barbosa.
Conversas reforçaram suspeitas sobre Wanderlei Barbosa.

A Polícia Federal afirma que a “principal atividade laboral” de Lustosa era a negociação de propinas em contratos estaduais e municipais. Ele cobrava “comissão” em cima das licitações, segundo os autos da Operação Fames-19, segunda fase.

“Além do governo do Estado, Paulo César Lustosa buscou firmar parcerias com diversas prefeituras, a fim de maximizar o mesmo modus operandi”, diz o relatório da investigação.

O operador trocou mensagens diretamente com o governador afastado, mas os diálogos foram apagados, o que impediu a PF de analisar, por enquanto, o teor das conversas.

Governador apagou mensagens com lobista.
Governador apagou mensagens com lobista.

COM A PALAVRA, O GOVERNADOR AFASTADO DO TOCANTINS

Recebo a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com respeito às instituições, mas registro que se trata de medida precipitada, adotada quando as apurações da Operação Fames-19 ainda estão em andamento, sem conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade da minha parte. É importante ressaltar que o pagamento das cestas básicas, objeto da investigação, ocorreu entre 2020 e 2021, ainda na gestão anterior, quando eu exercia o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesa.

Reforço que, por minha determinação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE) instauraram auditoria sobre os contratos mencionados e encaminharam integralmente as informações às autoridades competentes.

Além dessa providência já em curso, acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de Governador do Tocantins, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população.

COM A PALAVRA, A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO TOCANTINS

A Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins (Aleto) informa que prestou nesta quarta-feira, 3, colaboração total e irrestrita ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e à Polícia Federal (PF), no cumprimento integral das determinações contidas em dez mandados de busca e apreensão, com a devida disponibilização de todos os equipamentos, documentos e informações solicitados.

Informa ainda que a Procuradoria Geral da Casa não teve acesso aos autos, portanto, desconhece-se o que motivou a expedição dos referidos mandados. Além disso, a Aleto não foi intimada de nenhuma decisão judicial relacionada ao caso, que ainda está em curso.

Os mandados de busca e apreensão aos quais a Aleto teve acesso foram direcionados aos gabinetes parlamentares dos deputados Amélio Cayres, Claudia Lelis, Cleiton Cardoso, Ivory de Lira, Jorge Frederico, Léo Barbosa, Nilton Franco, Olyntho Neto, Valdemar Júnior e Vilmar de Oliveira.

 

 

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