Centrão e oposição trabalham por anistia pós-julgamento de Bolsonaro e estimam ter mais de 300 votos
BRASÍLIA – Oposição e Centrão aguardam o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para avançar com a anistia a ele e demais envolvidos nos ataques golpistas do 8 de Janeiro.
O União Brasil – que, ao lado do PP, anunciou o desembarque oficial do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e apoio à anistia – já trabalha fazendo cálculos e estima entre 320 e 330 votos dos 513 parlamentares da Câmara dos Deputados.

Como mostrou a Coluna do Estadão, algumas das siglas do Centrão projetam pressionar pela votação da anistia na Câmara após o julgamento de Bolsonaro.
Esses partidos devem acompanhar com lupa o resultado do julgamento, incluindo a dosimetria de penas e eventuais divergências entre os ministros do STF, para sentir o clima do plenário.
O próprio governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato favorito do Centrão para a disputa pela Presidência da República em 2026, entrou em jogo e está em negociação direta pela anistia.
Ele conversou com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), sobre a anistia e chegou a telefonar para o correligionário e presidente da Câmara, Hugo Motta (PB).
Na terça-feira, 2, o próprio Motta disse que a pressão de partidos do Centrão cresceu e o tema deverá entrar na discussão da reunião de líderes.
Para integrantes do partido e de outras legendas do Centrão, o Republicanos não formaliza apoio à anistia apenas para não causar maiores constrangimentos a Motta.
Dentro do União Brasil, líderes do partido esperam apoio do PL, do PP e do Republicanos à anistia. Já sobre PSD e MDB (siglas com 45 e 42 deputados, respectivamente), o partido não projeta apoio formal, mas conta com 33 votos favoráveis do PSD e 20 adesões do MDB.
União se reúne nesta quarta-feira e correligionário vê Celso Sabino ‘esticando a corda’
O União Brasil fez uma reunião da executiva nacional nesta quarta-feira, 3, para discutir como operacionalizará a saída do governo. Lideranças do partido decidiram que integrantes que ainda têm ligações com o governo devem entregar seus cargos até o dia 30 de setembro.
Caso não o façam, o conselho de ética do partido julgará o caso, que deverá levar à expulsão sumária.
O caso mais delicado é o do ministro do Turismo, Celso Sabino. O paraense resiste em entregar o cargo e cogita até o afastamento do partido.
Sabino é membro da titular da executiva nacional do partido e resolveu não participar da reunião. Isso causou incômodo entre participantes do evento, que dizem que o ministro está esticando a corda.