Governistas apostam na ‘confusão’ e em conversa de Alcolumbre com Lula para barrar anistia
Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apostam na “confusão” para barrar o avanço do projeto de lei a anistia no Congresso. Passado o susto com o aumento repentino da pressão para que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), coloque a proposta em pauta, os governistas dizem agora que farão exposição pública nas redes sociais de deputados e partidos a favor do perdão para gerar constrangimento.
Petistas também se animaram com declarações do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que resgatou uma ideia adormecida de propor penas menores para os participantes dos ataques de 8 de janeiro de 2023 que não financiaram nem planejaram a intentona. Aliados de Lula dizem que a resistência de Alcolumbre em encapar uma anistia ampla e irrestrita, sem alcançar o ex-presidente Jair Bolsonaro, deve pesar na decisão de Motta sobre o projeto na Câmara. Alcolumbre, inclusive, almoça com Lula nesta quarta-feira, 3, no Palácio da Alvorada.
O presidente do Senado, que não concorda com o desembarque do União Brasil e do PP do governo Lula e deve manter suas indicações na Esplanada, planeja alterar a Lei do Estado Democrático de Direito para incluir um novo tipo penal para quem participou de ataques à democracia, com penas menores do que as impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a figuras como a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, que pichou com batom na estátua da Justiça a frase “perdeu, mané” e foi condenada a 14 anos de prisão.
Como mostrou a Coluna, as duas semanas de julgamento do núcleo central da trama golpista no STF serão marcadas por acenos retóricos dos principais expoentes da direita a Bolsonaro. Na prática, contudo, apesar do aumento da pressão pela anistia, o projeto não deve avançar nesse período.
O motivo do compasso de espera é que o Centrão não pretende entregar a Bolsonaro a anistia “de mão beijada”, sem a garantia de que o ex-presidente escolherá o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como seu sucessor na corrida pelo Palácio do Planalto.
