6 de setembro de 2025
Politica

No rastro do governador, PF acha selfies com pilhas de dinheiro e ‘benção’ como senha de propina

Fotos de pilhas de dinheiro vivo e mensagens cifradas sobre propinas colocaram a Polícia Federal no encalço de aliados do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), e levaram o Superior Tribunal de Justiça (STJ) a afastá-lo do cargo por seis meses sob suspeita de corrupção.

Em nota, Wanderlei disse que considera a decisão “precipitada” e que vai acionar os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo e comprovar a legalidade dos seus atos (leia a íntegra da nota ao final da matéria).

Marcus Vinícius Ribeiro Santana, filho de Taciano Darcles, assessor especial do governador, aparece nas imagens obtidas pela PF com vultosas quantias em espécie. São selfies que ele próprio tirou, aparentemente gabando-se do feito.

Segundo a investigação, Marcus Vinícius foi o operador financeiro de um esquema de corrupção liderado por Wanderlei Barbosa que teria desviado R$ 74 milhões dos cofres do Estado.

Filho de assessor do governador em selfies com dinheiro.
Filho de assessor do governador em selfies com dinheiro.

A Polícia Federal afirma que Marcus Vinícius era responsável por transferências bancárias e saques de dinheiro para repassar ao pai e ao advogado Thiago Marcos Barbosa de Carvalho, sobrinho do governador. Os recursos em espécie eram entregues depois a Wanderlei Barbosa.

Os irmãos Paulo César Lustosa e Wilton Rosa Pires, apontados como lobistas do esquema, também trocaram fotos e mensagens sobre entregas de dinheiro.

A senha para as propinas era a palavra “benção”. “Quero te passar uma bênção”, escreve Wilton em uma das conversas. Os investigadores decifraram o código ao analisar os diálogos.

Marcus Vinícius é apontado como operador financeiro do governador.
Marcus Vinícius é apontado como operador financeiro do governador.

A Polícia Federal sustenta que as mensagens “revelaram a existência de verdadeiro balcão de negociação de vantagens indevidas” no governo de Wanderlei Barbosa, com a participação do governador.

O esquema teria sido montado antes mesmo de Barbosa assumir o cargo, ainda na transição do governo, segundo a polícia. Ele sucedeu Mauro Carlesse, ex-governador que é alvo de investigação da Polícia Civil do Tocantins.

Contratos para a compra de cestas básicas e frango congelado estão sob suspeita.

O afastamento do governador foi decretado pelo ministro Mauro Campbell, relator da investigação, e confirmado pela Corte Especial do STJ.

'Benção' era senha de propina em suposto esquema de corrupção que atingiu governador do Tocantins.
‘Benção’ era senha de propina em suposto esquema de corrupção que atingiu governador do Tocantins.

COM A PALAVRA, O GOVERNADOR AFASTADO DO TOCANTINS

Recebo a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com respeito às instituições, mas registro que se trata de medida precipitada, adotada quando as apurações da Operação Fames-19 ainda estão em andamento, sem conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade da minha parte. É importante ressaltar que o pagamento das cestas básicas, objeto da investigação, ocorreu entre 2020 e 2021, ainda na gestão anterior, quando eu exercia o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesa.

Reforço que, por minha determinação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE) instauraram auditoria sobre os contratos mencionados e encaminharam integralmente as informações às autoridades competentes.

Além dessa providência já em curso, acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de Governador do Tocantins, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população.

COM A PALAVRA, OS DEMAIS CITADOS

A reportagem busca contato com os investigados. O espaço está aberto para manifestação (rayssa.motta@estadao.com; fausto.macedo@estadao.com).

 

 

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