Lula diz que Bolsonaro não é figura normal e promete regular redes sociais ‘doa a quem doer’
BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira, 5, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não é uma “figura normal” e que admite culpa ao pedir anistia antes de condenado.
“Ele não é uma figura normal. Se pegar o histórico dele, vai perceber que foi expulso do Exército, porque falava em soltar bomba dentro do quartel”, declarou em entrevista ao SBT.

O petista disse que Bolsonaro está se “autocondenando” quando pede anistia antes do fim do julgamento. “O cidadão comete essas barbáries todas e, agora, começa um processo de pedir anistia antes de ser julgado. O fato de pedir anistia antes de ser julgado significa que ele sabe que é culpado, ele se está autocondenando”, falou.
O presidente declarou também que Bolsonaro “destruiu muita coisa no Brasil” e “carrega nas costas a responsabilidade da morte de, pelo menos, 50% das mortes por Covid”. Lula disse que o julgamento de Bolsonaro tem uma “conotação política muito forte”.
“É um processo evidentemente jurídico que tem uma conotação política muito forte, afinal de contas, é um ex-presidente da República.”
Lula ainda questionou o motivo de Bolsonaro estar defendendo a “ilusão de que é inocente” e disse que espera que a “Justiça seja feita para todos”. O presidente comentou a crise entre o Congresso e o Judiciário em meio a julgamento da ação do golpe de Estado. “É preciso que cada macaco fique no seu galho”, disse.
Regulação das plataformas digitais
Lula voltou defender regulação das plataformas digitais. Na entrevista, disse que seu governo pretende regular as redes “doa a quem doer”. “Aquilo que vale na vida real, vale na vida digital”, comentou.
O governo trabalha para regular plataformas através de dois projetos: um pelo Ministério da Fazenda, que diz respeito ao mercado digital, e outro pelo Ministério da Justiça, relacionado ao conteúdo. O plano do governo incorpora a mudança do artigo 19 do Marco Civil da Internet, provocada pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de junho e que responsabiliza as redes sociais por conteúdos impróprios postados por terceiros.
A norma inclui postagens com teor de terrorismo, incitação ao suicídio, discriminação, pornografia infantil, tráfico de pessoas e pedido por golpe de Estado. O governo prevê a suspensão da plataforma caso a regra seja descumprida reiteradamente.
Na entrevista, Lula afirmou que regular as plataformas é diferente de censura e visa criar um conjunto de regras para evitar crimes. “Se eu na vida real falar mal de você, contar mentira, levantar falso testemunho, eu estou cometendo um crime e posso ser julgado, na rede social também”, declarou.
Lula fez referência aos conteúdos de instigação à violência sexual contra crianças e adolescentes, que em agosto ganhou atenção após um vídeo do influenciador Felca mostrar como os algoritmos das redes sociais permitem a exploração de crianças. “Como é que a gente vai permitir a instigação à violência sexual para crianças e adolescentes?”, disse o presidente. “É por isso que queremos regular e vamos regular. Doa a quem doer.”
