Lula fica em Brasília e Tarcísio assume protagonismo no leilão do túnel Santos-Guarujá
O túnel imerso Santos-Guarujá, alvo de uma silenciosa disputa entre o governo federal e o governo de São Paulo, será leiloado nesta sexta-feira, 5, na sede da B3, na capital paulista. Sem a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os holofotes do evento devem se voltar para o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), potencial candidato à Presidência no ano que vem. Brasília
Do lado federal, devem participar do pregão o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.
Apesar das rusgas iniciais, quando o governo paulista reivindicava participação no projeto, Tarcísio chegou a elogiar Lula ao anunciar o lançamento do edital. “É bom que se registre: houve muita sensibilidade do governo federal e quero agradecer publicamente”, afirmou em fevereiro. O presidente, por sua vez, que, em uma reunião fora da agenda oficial, autorizou o governador a conduzir o processo de concessão de ambos, declarou que Tarcísio “está fazendo história” com a parceria.

Porém, com o avanço das articulações para a disputa eleitoral de 2026, Lula e Tarcísio passaram a trocar críticas públicas. Em agosto, durante evento do banco BTG Pactual, o governador afirmou que os brasileiros estão “há 40 anos discutindo a mesma pessoa” e que “o Brasil não aguenta mais o Lula”. No fim do mesmo mês, o presidente retrucou dizendo que Tarcísio “vai fazer o que o Bolsonaro quiser”, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro, padrinho político de Tarcísio. “Sem o Bolsonaro ele não é nada”, afirmou Lula.
A disputa pela paternidade da concessão do túnel imerso – uma das maiores obras de infraestrutura previstas no Novo PAC do governo federal – sempre esteve presente, ainda que de forma discreta. O projeto prevê investimento de R$ 6,8 bilhões, com aporte público de até R$ 5,1 bilhões divididos igualmente entre União e Estado. Ao Broadcast Político, no entanto, a Secretaria de Parcerias em Investimentos de São Paulo (SPI) afirmou que o governo estadual fará investimento extrano projeto, já que a gestão paulista assumirá integralmente o apoio financeiro à futura concessionária, o que elevará os desembolsos para o governo de São Paulo.
Nesse caso, serão R$ 270 milhões por ano a partir do sexto ano de contrato, previsto para durar 30 anos. Ao todo, São Paulo desembolsará mais R$ 6,48 bilhões para bancar a chamada contraprestação pecuniária. Os aportes à futura concessionária são necessários porque, durante a modelagem financeira, verificou-se um gap de viabilidade das operações – custos mais altos que as receitas. Para sanar o problema e garantir que haveria interesse da iniciativa privada em assumir a concessão, definiu-se pelas contraprestações anuais.
“Desde o começo, isso ficou para o Estado de São Paulo. Não foi objeto de negociação. É uma questão técnica”, afirmou o secretário Rafael Benini em fevereiro. “A União não consegue dar garantias para contraprestação. São Paulo já faz isso em seus projetos via Companhia Paulista de Parcerias (CPP).”