Michelle Bolsonaro diz viver uma ‘humilhação’ e reproduz áudio de Bolsonaro em ato por anistia
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) afirmou neste domingo, 7, durante ato na Avenida Paulista em defesa da anistia aos envolvidos no golpe de 8 de janeiro, estar “vivendo uma humilhação” e criticou as medidas determinadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para que a residência da família seja vigiada pela Polícia Penal do Distrito Federal.
“Quem era para estar aqui era o meu marido, que hoje está amordaçado dentro de casa, com uma tornozeleira, não foi julgado e está preso. Com policiais toda hora olhando os muros dos vizinhos para ver se tem possibilidade de pular. Um homem com 70 anos, com sequelas de uma facada, que recentemente passou por uma cirurgia de 12 horas. Como um homem desse vai pular um muro?”, questionou.

A residência da família Bolsonaro em Brasília passou a ser vigiada pela Polícia Penal do Distrito Federal desde 26 de agosto, a pedido de Moraes e sob recomendação da Polícia Federal. Veículos que entram e saem do condomínio são revistados. Nos bastidores, aliados afirmam que o quadro clínico pode servir de argumento para que uma eventual prisão do ex-presidente seja mantida em regime domiciliar.
A ex-primeira-dama ainda criticou o processo contra o ex-presidente, afirmando que o julgamento da trama golpista no STF é uma “injustiça” e “perseguição”. Os ministros da Primeira Turma do STF retomam o julgamento de Bolsonaro e demais integrantes do núcleo central da trama golpista nesta terça-feira, 9. O julgamento deve se encerrar na sexta-feira, 12.
“Sete anos ontem do atentado. Se eles fizessem 10% de tudo que eles fazem pra tentar recriminá-lo para tentar descobrir quem foi que atentou contra a vida dele, já estava tudo esclarecido”, afirmou Michelle, se referindo à facada sofrida por Bolsonaro em Juiz de Fora (MG), durante a campanha presidencial de 2018.
Durante o discurso, Michelle tentou conter as lágrimas e disse que tem se desdobrado como mãe, esposa, presidente do PL Mulher e amiga para cuidar do ex-presidente, lembrando-o constantemente de que “ele é o maior líder da nação”. Aliados que visitam o ex-presidente durante prisão domiciliar relataram capacidade limitada de articulação política de Bolsonaro no período e preocupação com o estado de saúde do ex-presidente.

“Ver vocês aqui hoje é um afago na minha alma. Não tem como não lembrar de setembro de 2022, quando mais de 1 milhão de pessoas estavam em Brasília para ouvir Bolsonaro falar. E hoje ele não pode falar. Ele gostaria muito de estar aqui com vocês ou até mesmo de poder entrar por videochamada, porque as nossas liberdades estão cerceadas. A liberdade dele de expressão, de locomoção foi violada”, criticou.
Ao finalizar sua fala, Michelle reproduziu um áudio antigo de Bolsonaro que, segundo a ex-primeira-dama, está disponível na internet. “Deus, pátria, família e liberdade”, afirma Bolsonaro na gravação.
Antes do ato, a ex-primeira-dama se encontrou com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), no Palácio dos Bandeirantes. Tarcísio e Michelle são apontados como possíveis sucessores de Jair Bolsonaro — que está inelegível — na eleição presidencial de 2026.
Nos bastidores, aliados defendem a candidatura de Tarcísio e veem com simpatia a formação de uma chapa com Michelle como vice, ressaltando seu apelo entre o eleitorado evangélico e o fato de ser mulher.
Com Bolsonaro em prisão domiciliar, a ex-primeira-dama Michelle tem intensificado articulações nos Estados do nordeste e deve dividir o protagonismo político com Valdemar da Costa Neto.