9 de setembro de 2025
Politica

Tarcísio implode diálogo com STF e mina plano de perdão a Bolsonaro

Tarcísio de Freitas deixou para trás o adjetivo de moderado ao subir em um palanque no domingo, 7, e replicar o papel desempenhado por Jair Bolsonaro em feriados da Independência dos últimos anos: atacar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O governador de São Paulo, antes visto como moderado por parte dos ministros, agora implodiu de vez a relação com a Corte.

O discurso proferido na Avenida Paulista dá ao governador mais chances de herdar os votos de Bolsonaro; mas, na avaliação de integrantes do STF, inviabiliza o diálogo com a cúpula do Judiciário. Isso pode comprometer os planos da direita de ver Bolsonaro livre se Tarcísio vencer a eleição presidencial de 2026.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, subiu o tom nas críticas a ministros do STF
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, subiu o tom nas críticas a ministros do STF

Tanto o indulto, que é o perdão concedido pelo presidente da República a condenados, quanto a anistia, que é aprovada pelo Congresso Nacional, podem ter a constitucionalidade questionada em ação ao STF. Sem uma relação azeitada entre o presidente e a Corte, com diálogo permanente e negociações em torno de temas delicados, o mais provável é que o benefício seja derrubado no plenário.

Embora não tenha feito menção direta ao Sete de Setembro, o presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso, deu declarações à imprensa sobre ataques feitos por Tarcísio. O governador chamou Alexandre de Moraes de tirano, disse não haver provas para Bolsonaro ser condenado e pediu para o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pautar o projeto de anistia.

“Processo penal é prova, não disputa política ou ideológica”, afirmou Barroso. “Hoje, tudo tem sido feito à luz do dia. O julgamento é um reflexo da realidade. Na vida, não adianta querer quebrar o espelho por não gostar da imagem”, completou o ministro.

Decano do tribunal, Gilmar Mendes postou em uma rede social: “Não há, no Brasil, ‘ditadura da toga’, tampouco ministros agindo como tiranos”.

Tarcísio tinha bom trânsito com ministros do STF. No ano passado, chegou a conversar com Alexandre de Moraes sobre o clima polarizado no país e rechaçou radicalismos no Sete de Setembro.

De forma gradual, a ponte foi se esfarelando. A primeira grande rachadura na relação foi em julho, quando o governador procurou ministros do Supremo para tentar convence-los a liberar Bolsonaro para ir aos EUA negociar com Trump o fim do tarifaço. A proposta gerou indignação na Corte.

Pouco depois, quando Moraes impôs o uso de tornozeleira eletrônica a Bolsonaro, Tarcísio alfinetou o Supremo ao escrever em uma rede social que nunca faltou coragem ao ex-presidente. O governador também defendeu “eleições livres” na ocasião.

Na semana passada, Tarcísio desembarcou em Brasília para articular no Congresso a anistia a Bolsonaro e outros acusados de tramarem um golpe antes mesmo do fim do julgamento dos réus no STF. O governador intensificou as críticas ao tribunal. No domingo, deixou claro que prefere os votos dos eleitores de Bolsonaro ao diálogo com os ministros.

 

 

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