12 de setembro de 2025
Politica

Bolsonaro inelegível: Veja como fica a situação eleitoral do ex-presidente, condenado pelo STF

RIO – Condenado a 27 anos e 3 meses por liderar uma tentativa de golpe, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficará longe das urnas, ao menos, até o fim do cumprimento da pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O período de inelegibilidade, no entanto, pode chegar a 35 anos, até 2060, de acordo com a redação atual da Lei da Ficha Limpa.

O artigo 15 da Constituição prevê a suspensão dos direitos políticos em caso de condenação criminal transitada em julgado – quando não cabe mais recurso – enquanto durarem os efeitos da pena. Como Bolsonaro e outros sete réus na trama golpista foram condenados criminalmente em um órgão colegiado, todos estão sujeitos aos efeitos da suspensão dos direitos políticos.

Jair Bolsonaro foi condenado pelo STF pela trama golpista
Jair Bolsonaro foi condenado pelo STF pela trama golpista

Os efeitos da condenação ao ex-presidente pelo STF para a inelegibilidade são imediatos, após o trânsito em julgado. A defesa de Bolsonaro ainda poderá recorrer ao próprio tribunal, mas a impossibilidade de disputar eleições já passa a valer após a condenação em órgão colegiado.

“Nos termos da Lei Complementar 135/2010 são inelegíveis, para qualquer cargo, os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, como o nosso, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 anos após o cumprimento da pena. Crimes praticados por organização criminosa, automaticamente com a condenação por órgão colegiado, estão inelegíveis. Declaro a inelegibilidade de todos os réus pelo prazo de oito anos após o cumprimento da pena. Na verdade, já começa agora pela Lei da Ficha Limpa. Oito anos a partir da decisão colegiada”, decidiu Alexandre de Moraes, relator do caso da trama golpista.

O advogado Alberto Rollo, especialista em Direito Eleitoral, explica que os réus estão sujeitos à inelegibilidade até o fim do cumprimento das penas impostas pelo STF. No caso de Bolsonaro, ao menos 27 anos e 3 meses.

“A condenação é de 27 anos e 3 meses. Então, ele fica com os direitos políticos suspensos por esse prazo, 27 anos e 3 meses, de acordo com a Constituição. Enquanto estiver com os direitos políticos suspensos, ele não pode concorrer à eleição”, diz Rollo.

Além dos efeitos da suspensão dos direitos políticos enquanto cumpre a condenação criminal, Bolsonaro pode ficar ainda mais oito anos inelegível após cumprir a pena. Ou seja, 35 anos de inelegibilidade, até 2060. Isso porque a atual Lei da Ficha Limpa prevê a inelegibilidade por oito anos que começariam a ser contados após o cumprimento de condenação criminal.

“Depois que cumpriu a pena, não importa se é na Papuda, se é em casa, pela lei vigente hoje tem mais oito anos de inelegibilidade pela Lei da Ficha Limpa. Isso de acordo com a lei vigente hoje. O Congresso alterou esse ponto há poucos dias para que a inelegibilidade seja contada a partir da condenação, mas a mudança ainda não foi sancionada. De qualquer modo, o período de 27 anos é o tempo mínimo”, explicou.

O Senado Federal aprovou no início do mês, por 50 votos a 24, o Projeto de Lei Complementar (PLP) 192/2023, que unifica a contagem do prazo de inelegibilidade previsto na Lei da Ficha Limpa, reduzindo o tempo de afastamento das urnas. A mudança prevê que a inelegibilidade passe a valer a partir do momento da condenação.

Se a mudança for sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os oito anos de inelegibilidade que seriam cumpridos por Bolsonaro após a condenação de 27 anos passariam a valer a partir da decisão do STF. Na prática, não alteraria o tempo mínimo previsto para que o ex-presidente fique longe das urnas.

O ex-presidente já estava inelegível por oito anos, por decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

 

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