13 de setembro de 2025
Politica

‘Brasil acertou onde os EUA falharam’, diz texto de professores no New York Times

BRASÍLIA – O cientista político Steven Levitsky, professor na universidade de Harvard e coautor do livro Como As Democracrias Morrem, e Filipe Campante, economista da universidade Johns Hopkins, afirmou em artigo ao jornal americano New York Times, que o Supremo Tribunal Federal (STF) conseguiu, ao condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que o Senado do país da América do Norte não conseguiu fazer.

“Com todos os seus defeitos, a democracia brasileira é mais saudável que a dos EUA”, diz o artigo. “Precisamente cientes do seu passado autoritário, autoridades políticas e do judiciário não tomaram que a democracia seria algo garantido. Em contraste, os EUA fracassaram. Ao invés de minar os esforços brasileiros em defender sua democracia, americanos deveriam aprender com eles.”

Levitsky fez discursos no Brasil em agosto deste ano.
Levitsky fez discursos no Brasil em agosto deste ano.

Levitsky e Campante mencionam as tarifas de 50% impostas a produtos americanos e a imposição da Lei Magnitsky – descrita por eles como um “passo sem precedente” – ao ministro do STF Alexandre de Moraes como forma de “punir” o “esforço brasileiro em defender sua democracia”.

O texto escrito pelos dois acadêmicos menciona como o Senado americano fracassou por duas vezes em votações de impeachment do presidente Donald Trump em seu primeiro mandato, assim como outras instituições do país, viabilizando o retorno do candidato do Partido Republicano ao poder. “Em menos de nove meses do segundo mandato de Trump, os Estados Unidos já passaram da linha rumo a um autoritarismo competitivo”, afirmam.

Nesse mesmo artigo, os autores mencionam que Moraes disse a eles que “percebemos que poderíamos ser Churchill ou Chamberlain. Eu não quero ser Chamberlain”.

A citação do ministro faz referência a Neville Chamberlain, do partido conservador e ex-primeiro ministro do Reino Unido entre 1937 e 1940. Ele tentou negociar paz diretamente com Adolf Hitler em 1938 – apesar de firmar um acordo, a iniciativa acabou fracassada com o início da Segunda Guerra Mundial. Chamberlain acabou por entregar o cargo em 1940 para o também conservador Winston Churchill, que comandou o país até a derrota nazista, em 1945.

“Vendo-se como um baluarte contra o autoritarismo de Bolsonaro, os juízes brasileiros reagiram com firmeza”, dizem Levitsky e Campante.

Em votação concluída nesta quinta-feira, 11, a Primeira Turma do STF condenou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão, por quatro votos a um por organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado contra o patrimônio da União. O ministro Luiz Fux foi o único voto divergente.

Como mostrou o Estadão, a expectativa é que Bolsonaro já comece a cumprir a pena ainda neste ano. A defesa do ex-presidente ainda pode recorrer das condenações.

 

 

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