Governo isola aliados para evitar problema na CPI; Weverton teve encontros com o ‘Careca do INSS’
O governo Lula iniciou uma operação para isolar aliados que podem gerar problema na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O Palácio do Planalto quer distância de qualquer desgaste relacionado ao tema, depois de ter perdido o controle sobre a comissão, que acabou com presidente e relator oposicionistas.
O primeiro alvo dessa “vacina” para redução de danos no Congresso é o senador Weverton Rocha (PDT-MA), que recebeu Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, para um “Costelão” em sua residência e também em seu gabinete no Senado. Procurado, o senador ainda não respondeu. O espaço segue aberto. Weverton não é investigado no escândalo sobre descontos ilegais de aposentados e pensionistas.
Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouvidos pela Coluna do Estadão, entretanto, dizem que não estão dispostos a poupar Weverton porque a ideia é distanciar o Planalto de personagens centrais do escândalo.
O “Careca” foi preso nesta sexta-feira, 12, pela Polícia Federal, em nova fase da Operação Sem Desconto, contra fraudes e desvios no INSS. Havia risco de fuga. Ele é apontado pela Polícia Federal como o principal operador financeiro do esquema de fraudes que causou um prejuízo de R$ 6,3 bilhões a milhares de aposentados.
Nesta quinta-feira, 11, a CPI aprovou a quebra do sigilo bancário de 67 pessoas e 91 associações e empresas. Nesta lista, figuram, entre outros nomes, o “Careca do INSS”, o empresário Maurício Camisotti, e Alessandro Stefanutto.
Outro problema aliado por interlocutores palacianos é a proximidade de Wevertom com o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, de quem foi assessor no Ministério do Trabalho no governo Dilma Rousseff. No último dia 8, Lupi deu um depoimento contraditório à Comissão, na CPI.
Em oitiva na Câmara, em abril, Lupi afirmara que Tônia Galetti, que integrava o Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), era “uma amiga pessoal”. Ao ser perguntado sobre sobre sua “relação pessoal” com ela, durante testemunho à CPI do INSS, na segunda-feira, 8, disse não ter “nenhuma”.
Governo perdeu controle da CPI em reviravolta silenciosa
Em uma reviravolta costurada de forma silenciosa na madrugada, como mostrou a Coluna, a oposição conseguiu emplacar na presidência da CPI em agosto o senador Carlos Viana (PL-MG), que escolheu o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) para a relatoria.
A articulação derrubou Omar Aziz (PSD-AM) e Ricardo Ayres (Republicanos-TO), que haviam sido indicados para os cargos pelos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Esse cenário acendeu o alerta no Planalto, que tenta agora evitar ser atingido pela CPI.
