PF pediu prisão de advogado por suspeitas em esquema do INSS, mas André Mendonça só autorizou buscas
BRASÍLIA – A Polícia Federal pediu a prisão preventiva do advogado Nelson Willians, sócio-fundador de um dos principais escritórios de advocacia na capital federal, sob suspeita de irregularidades na investigação sobre desvios no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
A Procuradoria-Geral da República (PGR) concordou com o pedido, mas o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça rejeitou a prisão e autorizou a busca e apreensão contra o advogado.
Na operação deflagrada nesta sexta-feira, 12, foram presos preventivamente os empresário Antônio Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, e Maurício Camisotti.

Nelson Willians entrou na mira da investigação por causa de transações financeiras com Camisotti. Para a PF, as declarações públicas dadas pelo advogado após serem veiculadas informações de transações entre eles acabaram colocando-o sob suspeita.
“As justificativas apresentadas variam entre alegadas operações imobiliárias – inexistentes nos bancos de dados oficiais – e supostos honorários adiantados, os quais não foram identificados nas contas pessoais ou empresariais de ambos”, diz a investigação.
A PF afirma que não há lastro para transferências feitas por Willians a Camisotti. O advogado chegou a dizer que fez pagamentos ao empresário para compra de uma casa, mas a PF diz que não há registro dessa transação em cartório.
“A relação entre Nelson Williams e Maurício Camisotti revela-se além dos limites de uma mera vinculação profissional entre cliente e advogado, uma vez que Nelson Williams figura como possível beneficiário dos descontos associativos da AMBEC, demonstrava interesse em obter informações acerca da investigação em curso e permanece efetuando repasses financeiros em favor de Maurício. Nesse cenário, apresenta-se como elo de intermediação na circulação de valores provenientes de atividades ilícitas”, diz a PF.
A operação também mirou o ex-vice-presidente do escritório de Nelson Willians, Fernando Cavalcanti, por suspeitas de que ele ocultou veículos de luxo para escapar de uma possível busca e apreensão. De acordo com a PF, esses veículos estavam em nome de uma empresa de Cavalcanti, mas pertenceriam de fato a Nelson Willians.
O escritório de Nelson Willians, que foi alvo de buscas, é considerado um dos maiores de Brasília. No local, a PF apreendeu diversas obras de arte, além de ter apreendido os veículos de luxo na residência de Fernando Cavalcanti, em Brasília.

Willians acumula mais de 1,5 milhão de seguidores no Instagram, onde compartilha um estilo de vida luxuoso, incluindo fotos de sua mansão e de seus carros de luxo, de marcas como Ferrari e Rolls-Royce.
Questionada sobre o pedido de prisão de Nelson Willians, a assessoria dele não se manifestou sobre esse ponto específico.
COM A PALAVRA, A DEFESA DE ANTONIO CARLOS CAMILO ANTUNES
O advogado Cleber Lopes, que defende Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, disse que não há justificativa para a prisão e afirmou que vai apresentar documentos à PF para comprovar a inocência dele.
COM A PALAVRA, A DEFESA DE MAURÍCIO CAMISOTTI
A defesa do empresário Maurício Camisotti afirma que não há qualquer motivo que justifique sua prisão no âmbito da operação relacionada à investigação de fraudes no INSS.
Os advogados chamam a atenção para a arbitrariedade cometida durante a ação policial: Camisotti teve seu celular retirado das mãos no exato momento em que falava com seu advogado. Tal conduta afronta garantias constitucionais básicas e equivale a constranger um investigado a falar ou produzir prova contra si próprio.
A defesa reitera que adotará todas as medidas legais cabíveis para reverter a prisão e assegurar o pleno respeito aos direitos e garantias fundamentais do empresário.
COM A PALAVRA, A DEFESA DE NELSON WILLIANS
Em relação ao mandado de busca e apreensão cumprido nesta data, Nelson Wilians esclarece que tem colaborado integralmente com as autoridades e confia que a apuração demonstrará sua total inocência.
Nelson Wilians já afirmou, anteriormente, que sua relação com um dos investigados — seu cliente na área jurídica — é estritamente profissional e legal, o que será comprovado de forma cabal. Os valores por ele transferidos referem-se à aquisição de um terreno vizinho à sua residência, transação lícita e de fácil comprovação.
Ressaltamos que a medida cumprida é de natureza exclusivamente investigativa, não implicando qualquer juízo de culpa ou responsabilidade. O advogado permanece à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários e reafirma seu compromisso com a legalidade e a transparência.