É preciso declarar guerra ao crime
O assassinato brutal do ex-delegado-geral de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, não é apenas mais um registro da crônica policial. É um atentado contra o Estado brasileiro. Fontes foi executado com tiros de fuzil ao sair da Prefeitura de Praia Grande, onde exercia o cargo de secretário de Administração Pública. O crime tem a marca da ousadia e da frieza do crime organizado.

Não estamos diante de um homicídio comum. Fontes foi um símbolo da resistência ao avanço das facções criminosas. Em 2006, indiciou toda a cúpula do PCC, incluindo Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. Entre 2019 e 2022, chefiou a Polícia Civil de São Paulo com firmeza e coragem. A execução é uma retaliação clara, um recado perverso dos que acreditam estar acima da lei.
A morte de Ferraz expõe a gravidade do desafio. O crime organizado não teme mais a polícia, afronta o Estado, desafia as autoridades e tenta impor seu próprio código de conduta. É a institucionalização da barbárie.
Diante desse cenário, não cabe hesitação. O governo de São Paulo e o Estado brasileiro precisam declarar guerra total ao crime. Não se trata de metáfora. É guerra mesmo. Guerra que exige inteligência, integração das forças policiais, uso intensivo de tecnologia, reforma do sistema prisional e endurecimento das penas. É guerra que demanda, sobretudo, vontade política.
Não é aceitável que facções determinem rotinas, financiem campanhas, controlem territórios e intimidem cidadãos. O Brasil não pode se curvar diante de bandidos que trocam tiros com fuzis importados e comandam negócios ilícitos de dentro das cadeias. Se o Estado vacila, o crime avança.
A sociedade brasileira, trabalhadora e honesta, espera mão forte. Espera firmeza. Espera que os governantes rompam com a retórica vazia e assumam a tarefa inadiável de restaurar a autoridade da lei. Não há espaço para condescendência.
A execução de Ruy Ferraz Fontes é um divisor de águas. Ou reagimos agora, com coragem e determinação, ou seremos engolidos pela escalada do terror criminoso. Não podemos aceitar que a morte de um delegado símbolo da luta contra o crime se transforme em estatística. É hora de dizer basta.
O Brasil precisa, com urgência, de um pacto nacional contra o crime organizado. Sem tréguas, sem concessões, sem ilusões. Segurança pública não é bandeira ideológica, é exigência civilizatória.
Chegou a hora de declarar guerra ao crime. Uma guerra que, ao contrário da covardia dos assassinos, deve ser travada às claras, dentro da lei, mas com toda a energia de um Estado que não aceita ajoelhar-se diante do poder paralelo das facções.