Paulinho da Força defende pacificação e diz não saber se texto sobre anistia vai ‘salvar’ Bolsonaro
BRASÍLIA – O deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP) afirmou que vai tentar “agradar gregos e troianos” em seu parecer sobre o projeto que concede anistia aos condenados pelos atos golpistas a partir do fim de 2022. As declarações ocorreram à emissora GloboNews, nesta quinta-feira, 18, pouco depois de ter sido designado relator da proposta pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Na entrevista, Paulinho da Força disse que a ideia é construir um projeto de “pacificação”, que não esteja nem “à direita” ou “à esquerda”. O parlamentar afirmou não saber se o seu parecer vai “salvar” o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto e foi condenado em 11 de setembro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por cinco crimes, incluído o de golpe de Estado.
“Eu tenho brincado que vamos tentar fazer aqui o que os gregos e troianos não fizeram, tentar agradar gregos e troianos”, disse. “Se conseguir, melhor. Se não conseguir, é tentar fazer alguma coisa no meio, que possa agradar a maioria da população brasileira.”

Sobre Bolsonaro, afirmou que tentará construir um consenso. “Não sei se o meu texto vai agradar a todos ou vai salvar o Bolsonaro, digamos assim. É isso o que nós vamos tentar construir, conversando com todos e tentando ver a possibilidade de ter uma maioria. A princípio, nós vamos ter que fazer uma coisa pelo meio.”
Paulinho da Força afirmou que conversará com o Supremo Tribunal Federal (STF), com o Senado Federal e com o governo para evitar conflitos e construir esse “texto pacificado” para a anistia aos condenados por atos golpistas.
O deputado disse ter uma “relação histórica” com o STF e enfatizou que conhece o ministro Alexandre de Moraes desde quando era advogado. “Não queremos tentar resolver um problema e ter um conflito com os ministros do Supremo. Aí não resolve. Então, por isso, também vou dialogar com o Supremo Tribunal.”
O relator também afirmou que “não existe” a possibilidade de que o projeto pare no Senado. O deputado disse ter conversado na semana passada com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), assim como o presidente da Câmara tem feito, para obter um texto pacificado entre as duas Casas. “A ideia é construir alguma coisa conjunta com o Senado”, afirmou.
Paulinho da Força afirmou ainda que conversará com a bancada governista e disse acreditar que terá os votos de toda a bancada da esquerda. Segundo o relator, o risco de a anistia não ser votada é “zero”.
Relator quer votação ‘o mais rápido possível’
Paulinho da Força também disse que tentará realizar a votação “o mais rápido possível”. O deputado afirmou que vai procurar governadores neste fim de semana, inclusive o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e iniciar as conversas com as bancadas partidárias da Câmara a partir da segunda-feira, 22. A ideia, segundo ele, é “organizar” o texto até o começo da próxima semana.
Na manhã desta quinta, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), afirmou que a negociação pela anistia pode chegar a um mês. “Não tem um prazo ainda. Vai ser um trabalho de no mínimo 15 dias, podendo chegar a até 30. É muita coisa envolvida, muita gente envolvida. A gente vai trabalhar”, disse.