Vereadoras de SP batem boca no X e troca de xingamento vai parar na Corregedoria da Câmara Municipal
A vereadora e coordenadora do Movimento Brasil Livre Amanda Vettorazzo (União Brasil) protocolou na Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo um requerimento para abertura de processo disciplinar contra a colega Zoe Martínez (PL). A vereadora do PL, por sua vez, também fez requerimento para que Amanda fosse investigada.
As duas protagonizaram um bate-boca no X (antigo Twitter) nesta quarta-feira, 17, em que trocaram ofensas. A discussão começou com uma crítica de Amanda sobre a aprovação da PEC da Blindagem na Câmara dos Deputados, afirmando que o bolsonarismo deu “imunidade eterna ao Centrão”. Zoe respondeu sugerindo que o “grupo do MBL” prefere ser “sensacionalista e enganar o povo”.

Entre troca de acusações, Zoe chamou Amanda de “bandejão da municipalidade”. A vereadora do União respondeu chamando a colega de origem cubana de “forasteira”, e publicou uma foto dela mesma no plenário da Casa, afirmando estar trabalhando e que não bateria boca na internet. Zoe então fez um comentário sobre as roupas que Amanda costuma usar, em tom pejorativo.
No documento enviado à Corregedoria, Amanda afirma que as declarações da colega são ataques de natureza “obscena e promíscua” e pede que seja reconhecida a quebra de decoro parlamentar, com punição cabível.
Ser forasteira nunca foi uma opção. Foi a única forma de resistir, de proteger a mim e aos meus. Cada passo que dei fora da minha terra foi marcado pela necessidade de sobreviver, não pelo luxo de escolher.
E quando você diminui isso, não fere apenas a minha história – fere a de… https://t.co/SAvGPggX14— Zoe Martínez (@zoemartinez_05) September 17, 2025
“Tal comentário busca desqualificar a atuação política da vereadora Amanda Vettorazzo, não por seus argumentos, mas por sua condição de mulher heterossexual, objetificando-a e utilizando estereótipos de gênero para diminuir sua capacidade e sua honra. Trata-se de um claro exemplo de discriminação de gênero, vedado pelo Código de Ética”, diz trecho do requerimento.
Já Zoe acusa Amanda de xenofobia por tê-la chamado de “forasteira” e afirma que outras declarações “questionam a integridade da autora”, não podendo ser classificados como “mero exercício de liberdade de expressão”.
“Os comentários realizados pela vereadora Amanda Vettorazzo configuram claramente o crime de xenofobia, ultrapassando o limite da desavença política e invadiu a esfera pessoal da peticionária, razão pela qual tal conduta se torna incompatível com a dignidade do mandato parlamentar”, diz trecho do requerimento apresentado por Zoe.
Há cerca de um mês, Zoe se envolveu em outra confusão na Câmara, dessa vez com a vereadora Janaina Paschoal (PP), que criticou os gastos de uma missão temporária para Nova York que estava sendo discutida e cuja Zoe é uma das autoras. Ambas trocaram acusações e tentaram interromper as falas da outra.
Segundo o corregedor da Câmara, vereador Rubinho Nunes (União), não há previsão para os processos serem levados para votação. O primeiro passo é comunicar a vereadora citada, indicar um relator para o parecer de admissibilidade e votação sobre a admissão ou não do requerimento.
Se for aceito, há a fase de instrução processual, em que as citadas poderão apresentar suas defesas, e depois a votação pela procedência ou improcedência e definição de eventual pena. Caso a pena seja suspensão ou perda do mandato, o processo vai a plenário para ser julgado por todos os membros da Câmara.