Lula critica exploração da religião eleitoralmente: ‘Não me faça usar uma igreja como palanque’

BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em entrevista a um podcast de um canal cristão, que tem “compromisso de fé de ajudar o povo pobre” e que não divide “a sociedade por religião”. O petista também rechaçou a exploração da religião eleitoralmente.

“Não tenho hábito de fazer política tentando dividir a sociedade por religião. Tento unir o povo, respeitando todas as religiões, e conversar sobre políticas públicas que o Estado tem que fazer”, disse o presidente na entrevista ao programa “Papo de Crente”, divulgado no início da tarde desta sexta-feira, 19. A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, também participou da entrevista.

Lula disse que voltou a ser candidato a presidente da República por ter “compromisso de fé de ajudar o povo pobre” .“Ninguém tem dúvida, governo para todo mundo, mas tenho preferência pelo povo mais necessitado, porque eles precisam mais do Estado”, afirmou.

O presidente rejeitou a possibilidade de frequentar igrejas e fazer discursos em missas e cultos para se aproximar dos eleitores cristãos. Disse que não fará a igreja de “palanque”.

“Não gosto de ir em igreja em época de campanha, porque não acho que a gente deva usar o nome de Deus em vão. (…) Se alguém achar que vou ganhar uma eleição porque vou em uma igreja fazer discurso, esqueça de mim, que não vou fazer. Não me faça usar uma igreja como palanque, não vou utilizar”, declarou.

Apesar de repudiar o uso da religião durante as eleições, em 2022, Lula lançou a “Carta Compromisso com os Evangélicos”, em evento com lideranças religiosas em São Paulo. Num aceno ao eleitorado conservador, o então candidato defendeu a liberdade de culto no País e se disse contra o aborto. O público evangélico deu maioria de votos a Jair Bolsonaro.

Já eleito para o terceiro mandato, Lula passou a fazer menções religiosas em seus discursos e a receber lideranças evangélicas no Planalto.