19 de setembro de 2025
Salvador

Salvador apresenta modelo inovador de adaptação climática em workshop internacional da C40, em Quito

Foto e texto: Ascom Secis

A Prefeitura de Salvador participou do Workshop de Planejamento de Ações Climáticas da C40 América Latina, realizado de 16 a 18 de setembro em Quito, no Equador. O evento reuniu representantes de diversas cidades latino-americanas para discutir estratégias e ferramentas voltadas à implementação dos Planos de Ação Climática (PAC), com foco especial na integração de metas de mitigação e adaptação.

Ivan Euler, secretário de Sustentabilidade, Resiliência e Bem-Estar e Proteção Animal (Secis), representou a capital baiana, assim como o diretor de Resiliência da pasta, José Miguel Carneiro Pacheco. Eles apresentaram ao público duas experiências exitosas em Salvador: ‘Da formulação das metas de adaptação à sua implementação em ações concretas’ e ‘Metas e objetivos de adaptação: Metas Qualitativas vs. Metas Quantitativas’.

Durante as apresentações, a equipe técnica destacou o uso da metodologia CCRA (Climate Change Risk Assessment) para estruturar o diagnóstico de riscos climáticos enfrentados por Salvador — como inundações, deslizamentos, ondas de calor, secas, doenças tropicais e elevação do nível do mar. A partir dessa leitura de risco, o município estabeleceu metas setoriais claras, com foco na redução da vulnerabilidade das populações e na promoção da justiça climática.

O processo culminou na criação de uma abordagem participativa e inovadora: o exercício das “Cartas de Ação”, que traduz cada meta em ações ou sub-ações vinculadas a eixos estratégicos, com detalhamento de: Responsáveis institucionais; Horizontes temporais (2024, 2032 e 2049); Indicadores de monitoramento (qualitativos e quantitativos); Integração entre mitigação e adaptação.

“A lógica foi sair do diagnóstico direto para a prática. Cada risco identificado no CCRA virou uma frente de adaptação no nosso plano. Traduzimos riscos em metas, metas em ações, e essas ações foram padronizadas nas Cartas de Ação, o que facilita muito a governança, o acompanhamento e a execução”, explicou o titular da Secis, Ivan Euler.

As ações de adaptação englobam tanto medidas estruturais — como obras de drenagem urbana, contenção de encostas e implantação de soluções baseadas na natureza (SbN) — quanto ações não-estruturais, como planos de contingência, sistemas de alerta precoce, campanhas de educação ambiental e mecanismos de participação comunitária.

Outro destaque foi o uso de indicadores mistos — qualitativos e quantitativos — para refletir não apenas metas técnicas, mas também dimensões sociais, como inclusão, saúde pública e justiça climática. Essa abordagem flexível permite iniciar ações com metas qualitativas e, ao longo do tempo, converter esses marcos em indicadores mais mensuráveis.

“Nem todas as metas de adaptação podem começar com números. Muitas delas, especialmente as que envolvem dimensões sociais, precisam de espaço para amadurecer qualitativamente antes de se tornarem quantitativas. Essa é uma forma mais honesta e realista de planejar, sobretudo nas cidades do Sul Global”, afirmou o diretor de Resiliência da Secis, José Miguel Carneiro Pacheco.

A apresentação de Salvador foi bem recebida por outras cidades presentes no workshop, que viram no modelo baiano um exemplo replicável de operacionalização das metas climáticas com forte engajamento intersetorial e comunitário.

Além de compartilhar experiências, o evento também promoveu discussões sobre orçamento climático, mobilização política, financiamento e comunicação estratégica para engajamento da sociedade. Durante o evento, foi lançado oficialmente o Plano de Ação Climática da cidade de Quito, fortalecendo o intercâmbio de boas práticas entre os governos locais da América Latina.

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