CPI do INSS volta ao holofote após acordo da anistia e serve de palanque para 2026
A cúpula da CPI do (INSS) avalia que, concluído o trânsito em julgado do processo do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e as negociações do projeto da dosimetria, os holofotes da política se voltarão para a comissão. Essa visibilidade, para além de manter o escândalo no foco, é aguardada nos bastidores pelos principais integrantes do colegiado, que veem uma oportunidade de se cacifar para as eleições de 2026 com o palanque proporcionado pelas investigações.
O senador Carlos Viana (Podemos-MG), por exemplo, pretende concorrer à reeleição no Senado em Minas Gerais no ano que vem. A aposta entre seus aliados é que, com a CPI, ele ganhará mais musculatura política e terá mais condições de negociar com seu partido a candidatura. O mesmo ocorre com o relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), que sonha em disputar o Senado em Alagoas.
Devido ao pano de fundo eleitoral, a expectativa é que a comissão tenha embates mais duros, com o objetivo de atrair a atenção da opinião pública, a exemplo do que ocorreu na CPI da Covid, durante o governo Bolsonaro. Nos bastidores, membros do colegiado mostram disposição a dar voz de prisão a quem for depor e cometer desacato, já que uma situação como essa também traria visibilidade ao mostrar força da CPI.
No começo, tudo se encaminhava para comissão acabar em “pizza”, com presidente e relator escolhidos a dedo pelos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em alinhamento com o governo Lula. Mas no dia da instalação, a oposição surpreendeu e conseguiu eleger Viana no lugar de Omar Aziz (PSD-AM) para o comando. O senador do Podemos, então, escolheu Gaspar para a relatoria em vez de Ricardo Ayres (Republicanos-TO). Essa composição tornou tudo mais imprevisível.
Cenários em Minas Gerais e Alagoas
Uma pesquisa de intenção de voto do instituto Real Time Big Data divulgada em agosto mostrou Viana em segundo lugar para o Senado em MG, com 18%, atrás apenas da prefeita de Contagem (MG), Marília Campos (PT), que marcou 19%. Em terceiro, apareceu o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, com 14%.
Em Alagoas, não há pesquisa recente para o Senado, mas os candidatos mais fortes politicamente são o senador Renan Calheiros (MDB), que vai tentar a reeleição, e o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP). Gaspar entraria na disputa como azarão, mas seus aliados dizem que o holofote da CPI pode mudar esse cenário.
Aliados de Lira afirmar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pavimentou o caminho para ele concorrer ao Senado ao nomear para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) a procuradora Maria Marluce Caldas Bezerra, tia do prefeito de Maceió (AL), João Henrique Caldas (PL). Pelo acordo, JHC abriria mão de disputar o Senado ou o governo estadual e permaneceria na prefeitura até o fim do mandato, para que Lira se eleja. No entanto, há dúvidas sobre o real compromisso de JHC com o ex-presidente da Câmara.
