22 de setembro de 2025
Politica

E Bolsonaro, quem diria?, empurrou as esquerdas de volta às ruas

Assim como Jair Bolsonaro empurrou altas patentes militares para uma tentativa de golpe e a cadeia, o bolsonarismo acaba de conseguir uma proeza que por décadas foi exclusividade do PT: botar as esquerdas nas ruas de todas as capitais do País, lotando a Avenida Paulista e a Praia de Copacabana, como há muitos anos não se via. As manifestações da oposição encolhem, as de esquerda estão de volta.

Ao se unir ao Centrão para embolar a pauta da anistia com a PEC da Blindagem, ou da Bandidagem, a direita bolsonarista ultrapassou todos os limites e encheu as ruas de protestos. Mostrou, assim, que apesar de muito dinheiro, tropa, articulação e poder na internet, perdeu o eixo com o julgamento, as provas contundentes e a condenação de Bolsonaro. Está sem estratégia, botando os pés pelas mãos – como Eduardo Bolsonaro.

Manifestação contra anistia e PEC da Blindagem na praia de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro
Manifestação contra anistia e PEC da Blindagem na praia de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro

O bolsonarismo errou na isenção do IR até R$ 5 mil, nos ataques de Donald Trump ao Brasil, ao lançar Eduardo líder da minoria mesmo nos EUA, ao homenagear Carla Zambelli na Itália e, por fim, capitanear um acordão inaceitável, que teve amplo apoio na Câmara, até de doze deputados do PT, mas horrorizou a sociedade de Norte a Sul. O caldo entornou.

Depois de tantos anos de desânimo e indiferença, famílias de classe média, idosos, jovens, intelectuais e artistas foram às ruas, pingando o verde e amarelo em atos que antes seriam só vermelhos. Depois do domingo e do vexame de deputados pedindo desculpas pelo voto, a PEC da Bandidagem tende a morrer na praia do Senado. E a anistia já desidratou para “dosimetria” e sofre de inanição.

O PT foi coadjuvante e Lula, o grande beneficiário, assistiu a tudo de camarote. A oposição deu tudo de bandeja, com um acordão indecente: eu, do PL e da base bolsonarista, cuido da PEC para favorecer bandidos de qualquer ideologia; vocês, do centrão, do centro e da esquerda, apoiam a anistia para quem usou cargo, farda e religião para levar o País a um regime de exceção. Não colou. A resistência foi feroz, de fora para dentro do Congresso.

A imagem mais forte do domingo foi a bandeira verde e amarela na Avenida Paulista, confrontando a dos EUA do último ato bolsonarista, e ganhou trilha sonora de Chico, Caetano, Gil, Djavan, Paulinho da Viola em Copacabana com Wagner Moura presente. Mais uma vez, a democracia mostra sua força.

Lula deve muito ao bolsonarismo, que o elegeu em 2022, lhe deu o discurso da democracia, dos “pobres contra ricos” e da soberania e devolveu a esquerda às ruas e o verde e amarelo para todos os brasileiros. Bolsonaro, o lulista número 1.

 

 

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