24 de setembro de 2025
Politica

Euforia e cautela: reação no governo Lula a convite de Trump é diferente entre diplomacia e política

Surpresa foi a palavra que melhor definiu a reação do governo e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao convite do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para um encontro na próxima semana. Mas as manifestações de diplomatas e políticos governistas seguiram linhas distintas.

De um lado, deputados, senadores e até ministros ficaram eufóricos. Do outro, na diplomacia, o movimento foi mais pragmático e silencioso. Até porque, há diferença significativa no foco dos dois grupos.

Enquanto a ala política enxergou uma oportunidade eleitoral com o discurso de que Lula não baixou a cabeça e por isso a soberania brasileira está garantida, no Itamaraty a preocupação é em resgatar o diálogo e garantir uma negociação comercial que evite danos mais danos à economia.

“Nem Trump resistiu ao charme de Lula”, brincou o líder do PT, deputado Lindbergh Farias, ao comentar a declaração do americano sobre ter havido uma “química excelente” num encontro de poucos segundos com Lula.

O Itamaraty se adiantou para garantir que a reunião será reservada, por teleconferência. Ou seja, sem risco de ciladas, como ocorreu com o presidente da Ucrânia, Vlodmir Zelensky.

Fato é que, desde que o Brasil foi alvo do tarifaço e autoridades brasileiras tiveram vistos suspensos ou ficaram na mira da Lei Magnitsky, a certeza entre os envolvidos nas negociações é de que o diálogo só poderia ser destravado numa conversa direta entre os dois presidentes. Assim como foi somente com a participação do próprio Trump que as tratativas com países alvo de tarifaços deram resultado.

Agora, a avaliação de que a oportunidade não pode ser desperdiçada avança entre setores da economia brasileira. “O convite para o encontro foi positivo do ponto de vista do interesse das empresas brasileiras”, resume Rubens Barbosa, que foi embaixador do Brasil em Washington, e preside o Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice).

Os movimentos inconstantes do presidente americano, entretanto, obrigam uma maior observação dos próximos passos que serão adotados pela Casa Branca.

“Qualquer relação com Trump é que ela é gelatinosa. O convite está em uma fronteira perigosa entre a armadilha que já vitimou tantos e a inoperância. Os objetivos seriam as tarifas ou a soberania?”, indaga Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM.

“Acho que o Brasil tem trabalhado bem na sua diplomacia e não deixaria a situação degringolar, aposta Roberto Menezes, pesquisador do Instituto de Estudos sobre os EUA.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva com integrantes do governo ouvindo o discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Assembleia Geral da ONU
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva com integrantes do governo ouvindo o discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Assembleia Geral da ONU

 

 

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