9 de novembro de 2025
Politica

Relator recomenda rejeição de PEC da Blindagem e diz que proposta é ‘abrigo para criminosos’

BRASÍLIA – Relator da PEC da Blindagem, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) emitiu parecer pela inconstitucionalidade da proposta, que busca impedir a abertura de processo contra parlamentares sem autorização do Congresso. Ele considerou que o texto contém desvio de finalidade por não atender ao interesse público e estabelecer normas que culminariam na impunidade de políticos eleitos por eventuais crimes.

Senador Alessandro Vieira, relator da PEC da Blindagem
Senador Alessandro Vieira, relator da PEC da Blindagem

“A PEC que formalmente aponta ser um instrumento de defesa do Parlamento é na verdade um golpe fatal na sua legitimidade, posto que configura portas abertas para a transformação do Legislativo em abrigo seguro para criminosos de todos os tipos”, justificou.

Vieira já havia antecipado que produziria relatório contrário à PEC, aprovada na Câmara e atualmente em trâmite na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, onde deve ser votada nesta quarta-feira, 24. No último domingo, 21, manifestantes foram às ruas em protesto contra a medida e a anistia para os condenados por tramar golpe de estado contra a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Trata-se do chamado desvio de finalidade, patente no presente caso, uma vez que o real objetivo da proposta não é o interesse público – e tampouco a proteção do exercício da atividade parlamentar -, mas sim os anseios escusos de figuras públicas que pretendem impedir ou, ao menos, retardar, investigações criminais que possam vir a prejudicá-los”, diz Vieira no parecer.

Segundo ele, a proteção garantida a parlamentares na Constituição de 1988 tem como objetivo dar a condição para que exerçam seus mandatos sem temor de retaliação por parte dos outros Poderes. Assim, podem se engajar em debates públicos e fazer fiscalizações de forma independente.

A PEC, no entanto, lhes daria também salvaguarda no caso de crimes comuns, inclusive aqueles que envolvem desvio de recursos públicos no curso do mandato. Deputados e senadores gozavam de tal privilégio até 2001, quando foi aprovada a emenda que dispensou a autorização do congresso para a abertura de processos contra eles.

No período em que vigia a lei antiga, houve quase 300 pedidos de investigação a parlamentares, dos quais apenas um foi autorizado. O alvo era o deputado Jabes Rabelo, acusado de receptação de veículo roubado.

“Não à toa, aquele estado de coisas absolutamente inconstitucional exigiu a promulgação de referida emenda à Carta Maior, como medida urgente de moralização. Antes dela, repita-se, a necessidade de licença prévia das Casas funcionava, de fato, como ardil para perpetuar a impunidade de parlamentares, mediante recusas ou meros ‘engavetamentos’ dos pedidos feitos pela Justiça.”

 

 

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