25 de setembro de 2025
Politica

Arquivamento da PEC da Blindagem irrita líderes da Câmara e deve afetar tramitação da anistia

BRASÍLIA – A decisão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), de arquivar a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Blindagem provocou irritação na Câmara dos Deputados e deve afetar a tramitação do projeto de lei sobre a anistia aos condenados do 8 de Janeiro.

Líderes partidários dizem que Alcolumbre quebrou um acordo com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Deputados ficaram descontentes com o resultado e sustentam que havia um compromisso firmado para que a PEC avançasse.

Deputado Paulinho da Força, relator do projeto de anistia aos envolvidos em tentativa de golpe de Estado
Deputado Paulinho da Força, relator do projeto de anistia aos envolvidos em tentativa de golpe de Estado

A consequência imediata disso se reflete na anistia. O relator do projeto, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), agora diz que é preciso “pacificar” a relação entre as duas Casas do Congresso Nacional.

“Tem hoje uma desconfiança de que, o que nós votarmos aqui, o Senado segura”, afirmou o relator. “Foi comunicado ao presidente Hugo Motta sobre as preocupações da relação com o Senado. O próximo passo, agora, é procurar o presidente Davi Alcolumbre, através de Hugo Motta, para refazer essa relação com o Senado.”

O líder do PP na Câmara, Doutor Luizinho (PP-RJ), vocalizou as críticas à decisão do Senado. Nesta quarta-feira, 24, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) dessa Casa Legislativa decidiu, em votação unânime, rejeitar a PEC que protege parlamentares da abertura de processos criminais.

“Hoje a gente teve um exemplo clássico de um comportamento errático do Senado, diferente do que teoricamente estava acordado com o presidente Hugo Motta e o presidente Davi Alcolumbre”, discursou Luizinho, em reunião da bancada do PP e do União Brasil com Paulinho da Força.

Para Luizinho, a Câmara foi “exposta”. “Reforço a necessidade para que a gente possa construir algum tipo de texto, de solução, que esteja negociada entre a Câmara e o Senado, para que a gente não possa ser exposto novamente”, afirmou.

Para deputados, é preciso garantir que o Senado votará o texto aprovado pela Câmara. Esses parlamentares alegam quebra de confiança.

Na semana passada, a Câmara aprovou, em dois turnos, a PEC da Blindagem, com manobra de Motta para garantir que deputados e senadores pudessem barrar prisões ou abertura de processos em votação secreta.

Além da reunião com o PP e União Brasil, Paulinho da Força visitou, nesta quarta-feira, 24, as bancadas do PT, PRD, Avante e Podemos. Ainda está prevista uma reunião com Motta para se chegar a uma data de votação da proposta.

Ao menos por enquanto, o deputado pretende apresentar o relatório na segunda-feira, 29, e espera votar a anistia na terça, 30.

Na reunião com o PT, o líder do partido, Lindbergh Farias (RJ), fez questão de sinalizar a Paulinho da Força a rejeição da sigla ao projeto – seja sobre redução de penas, seja perdão generalizado – e à votação na próxima semana.

Um acordo feito na reunião de líderes, nesta terça-feira, 23, definiu que a votação do projeto para ampliar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil ocorrerá na próxima quarta, 1º.

Para governistas, votar a anistia junto com o projeto de isenção do I.R, na mesma semana, “contamina a pauta” e prejudica o avanço de uma proposição considerada prioritária para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o relator, a reação do PT já era esperada. No encontro com deputados do União Brasil e do PP, Paulinho admitiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro deverá ser contemplado pela anistia.

“O projeto tem que beneficiar todos, inclusive o Bolsonaro”, disse. “Não tem como fazer um projeto para beneficiar todo mundo e deixar alguma pessoa de fora.”

 

 

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