25 de setembro de 2025
Politica

Quem são os integrantes do núcleo 4 do golpe que serão julgados em outubro

O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou as datas de julgamento do chamado “núcleo 4”, envolvido na trama golpista e na tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito. O ministro do Supremo Cristiano Zanin reservou, nesta quarta-feira (24), as sessões dos dias 14, 15, 21 e 22 de outubro para o julgamento dos sete réus que tentaram reverter o resultado das eleições de 2022.

O grupo é formado por militares e ex-integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como responsáveis por disseminar notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e fornecer suporte logístico aos ataques de 8 de janeiro de 2023. Entre os réus estão Ailton Gonçalves Moraes Barros, Ângelo Martins Denicoli, Carlos César Moretzsohn Rocha, Giancarlo Gomes Rodrigues, Guilherme Marques de Almeida, Marcelo Araújo Bormevet e Reginaldo Vieira de Abreu.

Quem são os integrantes do núcleo 4 do golpe que serão julgados em outubro
Quem são os integrantes do núcleo 4 do golpe que serão julgados em outubro

As sessões de julgamento do “núcleo 4” ocorrerão nos dias 14 e 21, em dois turnos (9h às 12h e 14h às 18h), e nos dias 15 e 22 apenas no período da manhã (9h às 12h).

Ailton Barros

Ailton Barros, ex-militar ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, é um dos indiciados na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado. Expulso do Exército em 2006, Barros se autointitulou o “01 de Bolsonaro” durante a campanha a deputado federal pelo PL em 2022.

Segundo o relatório final da Polícia Federal, Barros fazia parte do núcleo responsável por “incitar a adesão de militares ao golpe e difundir ataques a quem não aderisse aos planos da organização criminosa”. Ainda de acordo com o documento, ele atuou sob ordens do general Walter Braga Netto para pressionar e atacar comandantes das Forças Armadas que se recusassem a apoiar a ação.

Antes de se envolver com a política de direita, Barros já havia sido investigado por suposto acordo com o tráfico e passou por punições disciplinares que resultaram em sua expulsão do Exército. Após deixar a carreira militar, tornou-se advogado e chegou a atuar em casos de repercussão, incluindo a defesa de Leniel Borel, pai do menino Henry Borel.

Angelo Martins Denicoli

Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército e ex-membro da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), é apontado como integrante do grupo responsável por disseminar desinformação durante a investigação sobre a tentativa de golpe de Estado.

Segundo o relatório da PF, Denicoli fazia parte do núcleo que promovia ataques ao sistema eleitoral, junto com o tenente-coronel Mauro Cid, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e outros ex-militares e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

As investigações indicam que o grupo atuou na produção e amplificação de notícias falsas e “estudos” questionando a lisura das eleições de 2022, alegando supostos registros de votos fora do horário e falhas no código-fonte das urnas eletrônicas. A PF afirma que o objetivo era estimular seguidores a se concentrar em quartéis e instalações das Forças Armadas, criando um ambiente propício para a execução do golpe.

Carlos Cesar Moretzsohn

Carlos Cesar Moretzsohn Rocha é engenheiro formado pelo ITA e foi presidente do Instituto Voto Legal. Nas eleições de 2022, teve papel ativo nos atos que tentaram abolir o Estado Democrático de Direito. Rocha teve como papel questionar a segurança das urnas e elaborou um laudo considerado falso pelo ministro Alexandre de Moraes, usado para levantar dúvidas sobre o resultado eleitoral e sustentar a ideia de vitória de Bolsonaro.

Além disso, mesmo ciente da inconsistência dos dados, ele participou de entrevistas e lives para difundir a tese de fraude e incitar a população.

Giancarlo Gomes Rodrigues

O subtenente do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues atuou na Abin sob o comando de Alexandre Ramagem e também trabalhou no Gabinete de Segurança Institucional durante o governo do então presidente Michel Temer.

Nas investigações, Rodrigues é acusado de realizar monitoramento clandestino de opositores políticos, coletando informações de forma ilegal para favorecer ações contra o Estado Democrático de Direito. Ele chegou a ser preso na apuração sobre a chamada “Abin paralela” e posteriormente foi liberado.

Durante a operação, a PF apreendeu em sua casa, em Salvador, dez celulares, três computadores, uma arma e um HD externo.

Guilherme Marques de Almeida

O tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia (GO), é um dos membros do núcleo 4 da trama golpista. Na época, ele chegou a desmaiar ao receber a Polícia Federal em fevereiro, durante a Operação Tempus Veritatis.

De acordo com as investigações, em um áudio obtido pela PF, Guilherme sugere “sair das quatro linhas” para viabilizar um golpe de Estado após as eleições de 2022.

“Esse é o nosso mal, a gente não está saindo das quatro linhas. Vai ter uma hora que a gente vai ter que sair ou então eles vão continuar dominando a gente. É isso, cara, infelizmente é isso”, afirmou o tenente-coronel na gravação.O material foi extraído de celulares e computadores apreendidos durante a investigação.

Marcelo Araújo Bormevet

Marcelo Araújo Bormevet é policial federal de Juiz de Fora. Ele é acusado de integrar um grupo que realizava monitoramento ilegal de autoridades públicas e produzia notícias falsas usando sistemas da Abin, onde já havia trabalhado como servidor.

Na denúncia da PGR aceita pelo STF, ele responde por liderança de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

Reginaldo Vieira de Abreu

O coronel da reserva Reginaldo Vieira de Abreu é acusado de ter enviado fotos do ministro do STF Gilmar Mendes no aeroporto de Lisboa, Portugal, pouco antes de embarcar no mesmo voo com destino a Brasília. As imagens foram compartilhadas por Reginaldo com o general Mário Fernandes, também investigado, por meio do aplicativo WhatsApp.

 

 

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