Tarcísio diz que conversa de Lula e Trump já deveria ter acontecido e que espera anistia ‘justa’
SÃO PAULO – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quarta-feira, 24, que a conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “já deveria ter acontecido” e que ambos estão sendo pressionados internamente para que a negociação ocorra. A fala de Tarcísio ocorre após o elogio do mandatário americano ao petista em discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
“O que a gente espera – e que já deveria ter acontecido – é que os líderes dessas duas nações, que são as maiores economias das Américas, que são as maiores democracias do Ocidente, sentem, conversem por si e resolvam esse problema”, disse o governador. “Da mesma forma que o presidente brasileiro é pressionado aqui, o presidente americano é pressionado lá. Então, por isso eu acho que, em algum momento, esse negócio tem que se converter.”
Tarcísio afirmou que o tarifaço imposto por Trump – reverberado publicamente como algo positivo pelo filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) – é prejudicial tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos. Ele destacou que seu apelo é para que Lula e Trump se reúnam, conversem e encontrem uma solução.

O chefe do Executivo paulista ressaltou que todo o setor produtivo está sendo impactado e que a situação do tarifaço “precisa de uma saída”. Segundo o governador, o “interesse nacional está em jogo”, desde o empresário até o pequeno produtor, passando por quem exporta café, carne, máquinas e equipamentos, além das empresas que estão perdendo negócios.
Em conversa com jornalistas após evento em Embu das Artes (SP), Tarcísio também disse torcer para que o projeto da anistia seja “justo” com os condenados por invasões do 8 de janeiro e com Jair Bolsonaro. Sobre o Projeto de Lei da Dosimetria, defendido pelo relator Paulinho da Força (Solidariedade) com quem o governador não se encontrou para dialogar, Tarcísio destacou que “tem a sua opinião” própria.
“Espero que seja feito o melhor, para olhar para aquelas pessoas do 8 de Janeiro e para todos que tiveram apenamentos injustos, incluindo o presidente Bolsonaro”, afirmou. “Sempre acreditei que (anistia) pode representar ‘uma paz dialogada’. Tem gente que não acredita, que leva para o lado do estímulo à impunidade. Eu já penso de forma diferente.”
O chefe do Executivo paulista ainda criticou a Proposta de Emenda Constitucional da Blindagem aprovada pela Câmara dos Deputados e rejeitada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
“Algo que nasceu para ser um remédio, para proteger o Parlamento, para proteger aquilo que a Constituição trouxe se transformou em outra coisa”, disse. “Quando se transforma em outra coisa, quando há a extorsão e a população percebe que está indo para um caminho de privilegiar a impunidade, a população se revolta.”
Ele avaliou que as medidas representam um sintoma de desconexão em relação à vontade popular. Segundo ele, sempre que há esse distanciamento, surgem protestos como os que ocorreram no último domingo, 21. Acrescentou ainda que não se pode ignorar o que as pessoas pensam e que, quando isso acontece, a reação da população é inevitável.
Evento habitacional de Tarcísio rivaliza com governo federal
Tarcísio esteve no município de Embu das Artes, na Região Metropolitana de São Paulo, para entregar aproximadamente 500 moradias de seu programa habitacional Casa Paulista, similar ao Minha Casa Minha Vida. Ao longo do evento, críticas ao governo Lula foram feitas em relação aos repasses feitos para a pasta de Habitação, que conta com parceria federal.
“O governo federal, em alguns momentos, imagina que é oposição ao governo estadual”, disse o secretário de Habitação, Marcelo Branco, em discurso. “Eu nunca vi isso, mas temos enfrentado essa dificuldade.”
Ele afirmou que não se pode fazer oposição a ninguém quando se está no comando do Estado, já que as ações devem atender toda a população e contar com a parceria de quem estiver disposto a colaborar. Por fim, afirmou que o governo paulista “apoia todas as iniciativas legítimas”, sejam de movimentos, prefeitos ou cidadãos que apresentem “boas propostas”, sem levar em conta diferenças políticas ou partidárias.
Ainda durante o evento, o prefeito de Embu das Artes, Hugo Prado (Republicanos), criticou as “invasões” de pessoas sem teto que ocorrem na cidade e ressaltou que a população da cidade apoiará Tarcísio “seja qual for o seu caminho”.