27 de setembro de 2025
Politica

Indefinição de Tarcísio de Freitas embaralha articulações de Pacheco, Cleitinho e vice de Zema em MG

A indefinição sobre o futuro eleitoral do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), tem embaralhado as articulações eleitorais para o governo de Minas Gerais. A decisão do governador de se candidatar ou não a presidente tem impacto nas pré-candidaturas dos senadores Rodrigo Pacheco (PSD) e Cleitinho Azevedo (Republicanos) e do vice-governador Mateus Simões (Novo), candidato apoiado por Romeu Zema (Novo) e que está de malas prontas para o PSD.

Simões afirma que a principal consequência de uma candidatura de Tarcísio ao Planalto seria uma mudança na postura de PL e Republicanos, que poderiam desistir de lançar a candidatura de Cleitinho, unificando a direita e o centro. Procurado, o senador disse que só se posicionará sobre eleições no ano que vem.

“A candidatura de Tarcísio à Presidência da República só aconteceria num cenário de convergência nacional integral. Chapas únicas para presidente, governador e senador. Isso seria construído verticalmente no País inteiro e, nesse cenário, não tenho dúvida que o candidato seria eu, que é o natural, o sucessor do Zema. O Zema estaria nessa composição nacional”, disse Simões ao Estadão.

“A candidatura de Tarcísio a governador de São Paulo, por outro lado, deixa espaço aberto para a manutenção dessas dúvidas em Minas Gerais”, completa ele.

Governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e de Minas, Romeu Zema, participam de evento do Santander em São Paulo
Governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e de Minas, Romeu Zema, participam de evento do Santander em São Paulo

Questionado se Zema, que é pré-candidato a presidente, toparia ser vice numa chapa presidencial, ele respondeu que o único cenário que o governador de Minas deveria sentar para conversar é se Tarcísio for candidato. “Em qualquer outro cenário, o governador Romeu Zema precisa manter a candidatura dele porque ele é a melhor alternativa posta”, declarou Simões.

Segundo pesquisa Quaest divulgada em agosto, Cleitinho tem 28% das intenções de voto, seguido do ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (sem partido), com 16%. Pacheco tem 9% e Simões, 4%. Indecisos e brancos e nulos somam 43%.

Outra incógnita em Minas Gerais é o PSD de Gilberto Kassab. O partido tem duas opções. A primeira é lançar Pacheco e dar palanque para a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reeditando a aliança de 2022 com os petistas no Estado. A outra alternativa é filiar Simões e dar estrutura para a candidatura do vice-governador.

“Nos Estados onde não há projeto definido ainda, o projeto é sempre ter candidatura própria. Vamos esperar o momento adequado para definir em Minas Gerais”, despista Kassab.

Neste momento, a última opção é a mais provável pois Simões está próximo de acertar a filiação ao PSD, conforme três fontes ligadas ao vice-governador disseram ao Estadão. Já há até uma data para a filiação, o dia 27 de outubro, informação publicada inicialmente pela Folha de S. Paulo. Oficialmente, nem Simões nem o PSD confirmam o acerto.

Em um grupo de mensagens do Novo na semana retrasada, o vice-governador disse que o “mais lógico” seria trocar de partido, novamente sob o argumento de unificar a direita e o centro.

Após ele participar de um evento do PSD com a presença de Kassab em Belo Horizonte, mensagens em tom de despedida encheram os grupos do Novo. “Mateus, você tem nosso DNA. Terá meu apoio onde estiver”, escreveu a vereadora de Belo Horizonte, Fernanda Altoé.

Um interlocutor de Pacheco reconhece que a eventual chegada de Mateus Simões causa constrangimento ao expor o racha no partido, mas não descarta a possibilidade do grupo do senador, que tem como aliados o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), deputados federais e parte dos prefeitos, se recusar a ceder e brigar pelos rumos do PSD mineiro.

Antes disso, porém, Pacheco precisa decidir se, de fato, disputará o governo de Minas. Ele tem sido estimulado por Lula, que nas últimas vezes que foi ao Estado o chamou de “futuro governador”.

A visão de aliados do senador é que a posição de Tarcísio também afeta os rumos do PSD de Minas Gerais. Em um cenário sem o governador paulista, a sigla lançaria Ratinho Jr. (PSD-PR) ou Eduardo Leite (PSD) ao Palácio do Planalto. Esse seria o desenho mais favorável ao ex-presidente do Senado, segundo um interlocutor. O entendimento é que mesmo com candidato próprio haveria espaço para o partido liberar os Estados e dar palanque a outros nomes – no caso, Lula.

Porém, se Tarcísio for candidato a presidente, a aposta no entorno do ex-presidente do Senado é que o PSD fecharia questão para apoiar Tarcísio no máximo de Estados possíveis, o que incluiria Minas Gerais e favoreceria Mateus Simões.

Nessa hipótese, Pacheco teria que deixar o partido de Kassab para ser candidato em outra sigla com apoio de Lula – a possibilidade mais comentada nos bastidores é o PSB.

Kassab, porém, tem trabalhado para que Tarcísio dispute a reeleição em São Paulo. O objetivo do dirigente partidário é ser candidato a vice na chapa do governador, hipótese que o ele já descartou, como mostrou o Estadão.

“Mateus Simões seria um grande quadro para o partido. Assim como Rodrigo Pacheco é um grande quadro do PSD, mas a divergência é de campo político: ele hoje está alinhado com a esquerda, que não é o campo ao qual o presidente Kassab tem manifestado buscar se alinhar na eleição de 2026”, afirma Cássio Soares, presidente do PSD mineiro, cujos deputados estaduais são base de governo de Zema e Simões na Assembleia Legislativa.

 

 

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