30 de setembro de 2025
Cultura

Boca de Brasa inicia ‘Vivências Criativas’ levando artistas de Valéria ao teatro

Texto e fotos: Thaís Seixas

Promover o intercâmbio cultural entre artistas dos diferentes territórios de Salvador. É com esse objetivo que o programa Boca de Brasa realiza o projeto ‘Vivências Criativas’. A primeira ação aconteceu na última sexta-feira (26), com dez representantes de três grupos do bairro de Valéria, que puderam conferir o espetáculo Erê, apresentado pelo Bando de Teatro Olodum no Teatro Gregório de Mattos.

A coordenadora do Boca de Brasa, Nathália Leal, explica que a ideia é promover a circulação dos participantes pela cidade, como forma de inspirá-los na produção artística. “As Vivências Criativas são esses encontros que a gente quer promover entre os territórios de Salvador. Trouxemos dez pessoas de grupos artísticos para assistir Erê, e a ideia é que eles venham para conhecer, se inspirar e circular na cidade. É uma oportunidade de conhecer também outras pessoas, e essa é a intenção: proporcionar momentos de intercâmbio e de circulação de pessoas e grupos que estão nos territórios de Salvador e que participam das Escolas Criativas Boca de Brasa”.

Agatha Virgens, da Cia de Teatro JÁÉ

A diretora da Cia de Teatro JÁÉ, Agatha Virgens, destaca a oportunidade de ver de perto os artistas que a inspiram. “O bando de Teatro Olodum é uma das minhas inspirações, de onde eu tiro minhas referências para levar à comunidade. Para a gente, como artista, é muito importante ter acesso à cultura, principalmente porque quem vem de comunidade tem dificuldade de participar de eventos, em função do custo. É maravilhoso ter acesso a esses lugares, para que a gente também possa participar e fomentar a cultura”.

O rapper, b-boy e integrante do grupo Célula Hip-Hop, Filipe Hawkins, revela que o projeto se assemelha ao trabalho que ele desenvolve na comunidade, com a proposta de levar cultura para as pessoas. “Eu me sinto muito feliz em também fazer parte disso, não só como uma convidado, mas também como uma pessoa atuante. Eu sou grato porque, através da minha arte e desses incentivos e pontes da Fundação Gregório de Mattos, é que eu também consegui levar crianças para ver peças de teatro de pessoas da nossa comunidade. O meu trabalho no hip-hop é dar esperança e fazer com que elas entendam que a arte e a cultura têm que ser alcançadas”.

Filipe Hawkins (à direita) integra o grupo Célula Hip-Hop

Já Yan Almeida, do grupo Dinastia Dugueto, enfatiza a importância de ocupar espaços culturais da cidade. “Eu fico extremamente lisonjeado e feliz com o convite que vem até a gente, que é artista periférico e está conseguindo frequentar esses espaços. A gente sabe que esses espaços são nossos por direito, mas é muito bom quando vem a oportunidade de prestigiar o espetáculo de um grupo gigantesco, que tem um nome muito grande aqui em Salvador. O nome do espetáculo já é algo que me comove”.

Yan Almeida faz parte da Dinastia Dugueto

O espetáculo Erê ficou em cartaz no Teatro Gregório de Mattos de 5 a 28 de setembro. Inspirado na peça ‘Erê pra toda a vida/Xirê’, que foi criada pelo Bando para o Festival Carlton Dance, em 1996, com poucas apresentações no Rio de Janeiro, São Paulo, e uma turnê por Londres, a peça aborda chacinas que vitimaram crianças e jovens negros. A nova montagem resgata e reinventa a obra para o contexto atual, celebrando a trajetória do Bando.

O Projeto ERÊ Bando 35 anos é patrocinado pela Wilson Sons, via Programa de Isenção Fiscal Viva Cultura, da Prefeitura de Salvador, Secretaria Municipal da Fazenda – SEFAZ, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo – SECULT e Fundação Gregório de Mattos – FGM.

Bando de Teatro Olodum após apresentação

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