30 de setembro de 2025
Politica

Presidente da Conafer nega fraude no INSS e tem dificuldade de explicar transação milionária

BRASÍLIA – O presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, negou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que a sua organização tenha “algum tipo de corrupção”, mas não conseguiu explicar os serviços milionários prestados.

O relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), perguntou sobre a Santos Agroindustria Atacadista e Varejista, que fornece insumos para a Conafer. Lopes não soube responder quem eram os sócios dessa empresa.

Presidente da Conafer teve embates com relator da CPI do INSS, deputado Alfredo Gaspar.
Presidente da Conafer teve embates com relator da CPI do INSS, deputado Alfredo Gaspar.

“O senhor paga 100 milhões a uma prestadora de serviços e não sabe quem é o sócio dela?”, perguntou Gaspar. “Não, eu preciso dos insumos que eu compro dela”, respondeu Lopes. “Ah, está bom. Está de parabéns”, ironizou o relator.

A Conafer é a segunda entidade associativa com mais descontos nas mensalidades dos aposentados. A investigação da Polícia Federal aponta que esses descontos eram ilegais sem autorização dos pensionistas.

Em um intervalo de seis anos, entre 2019 e 2024, a Conafer registrou um crescimento de mais de 790 vezes nos descontos de aposentados e pensionistas do INSS.

Segundo Gaspar, a Conafer recebeu R$ 800 milhões de recursos de aposentados e pensionistas. A Santos Agroindustria Atacadista e Varejista, por sua vez, é de Cícero Marcelino, funcionário da Conafer.

Cícero Marcelino foi alvo de operação da Polícia Federal em maio. Ele é apontado pela investigação como operador financeiro da Conafer. Ele teria recebido mais de R$ 100 milhões do INSS.

Ele também é suspeito de ter comprado veículos de alto valor com recursos da fraude aos aposentados.

Durante a inquirição, Gaspar também mencionou que a Conafer teria feito desconto associativos de pessoas mortas.

“É padrão da Conafer ressuscitar mortos para assinatura de descontos associativos?“, questionou o relator. ”É padrão do INSS ter defunto recebendo benefício?“, respondeu o presidente da Conafer. Gaspar repetiu a pergunta. ”Se o morto estiver recebendo benefício, pelo jeito, sim, né?“, disse Lopes.

A sessão ainda foi marcada por troca de farpas entre o presidente do Conafer e integrantes da CPI do INSS.

“Esse sujeito aqui (mostrando uma foto), é o senhor? Sabe me dizer se é o senhor?”, perguntou o deputado Duarte Jr. (PSB-MA), vice-presidente da CPI, que levantou a voz e fez acusações contra o depoente em algumas oportunidades. “Se o senhor não sofrer de nenhuma míope (sic), o senhor tá vendo que é eu”, respondeu Lopes.

Em razão da resposta, Duarte pediu a prisão. O presidente da CPI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), negou o pedido.

 

 

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