Suspense sobre aposentadoria de Barroso movimenta cerimônia de posse de Fachin
Luís Roberto Barroso deixou a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) sem revelar o mistério sobre o que fará agora. Descartou antecipar a aposentadoria de imediato, mas deixou a possibilidade em aberto para o futuro, sem especificar a data. A chance de uma nova cadeira vazia no Supremo ainda no governo Lula acendeu a esperança de candidatos ao posto.
Antes de sair da presidência do STF, Barroso conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a possibilidade de deixar o tribunal, mas não confirmou se faria mesmo isso. Se o ministro concretizar os planos, Lula já tem um preferido para a vaga: o advogado-geral da União, Jorge Messias.

Mesmo sem a vaga existir concretamente, a campanha pela cadeira de Barroso movimenta os bastidores do governo e do Judiciário. O tema foi assunto de conversas entre os presentes na cerimônia de posse de Edson Fachin no comando da Corte.
Messias ganhou pontos para ocupar o cargo depois que tomou a iniciativa de contratar um escritório nos EUA para defender os interesses do Brasil na crise aberta com o governo Trump. A medida deixou o Itamaraty incomodado, porque a diplomacia defende que seja a protagonista nessas negociações.
Além de Messias, também tem chance na disputa a presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Rocha. Ela não foi à solenidade desta segunda-feira, 29, porque estava em viagem internacional.
Lula já elogiou a ministra em eventos sociais. Teria ficado bem impressionado com ela, especialmente com as declarações públicas sobre crimes militares cometidos por Jair Bolsonaro por planejar um golpe de Estado. Em entrevistas, a ministra iniciou o debate sobre a perda de patente de militares que participaram da trama golpista.
Entre os candidatos com mais chance, também está o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), elogiado publicamente por Lula em várias ocasiões. Mas o presidente prefere ver o senador disputando o governo de Minas Gerais em 2026. Em agosto, Lula disse que Pacheco é a figura política mais respeitada do estado e está apto para “ser candidato ao que ele quiser”.
A escolha do ministro do STF é exclusiva do presidente da República. No entanto, Lula tem ouvido a opinião de integrantes do Supremo sobre as nomeações do Judiciário. Portanto, é recomendável que um candidato a integrante do tribunal tenha boas relações com os ministros da Corte.
Enquanto Barroso não decide se continua ou não no Supremo, a disputa pela vaga tende a prosseguir. Na festa de despedida oferecida por juízes, Barroso subiu ao palco e cantou algumas canções, acompanhado da banda Samba Urgente. Uma delas foi “O amanhã”, samba-enredo da União da Ilha de 1978. Após a apresentação, o ministro repetiu o último verso para falar de si mesmo: “O meu destino será como Deus quiser”.